ANTES E DEPOIS

Chão coberto de folhas, pássaros em centenas, diversas espécies chilreavam, brincavam entre as folhas das arvores buscando alimento, entre ninhos protegidos na mata.

Uma família de bugios espreitava não muito longe, a movimentação dos visitantes nas tardes de domingo, famílias divertindo-se em churrascos no passeio do feriado, do dia santo... e o Monge falecido, (dizem que ouve três deles tendo um aqui morado e milagres realizado) tido por uns como herói e por outros como bandido deve estar amaldiçoando tanto descaso e indecência em nome de uma política descabida que joga com a Natureza como louco suicida.

Cidade pequena tem dessas coisas, locais pitorescos apreciados elos de alma simples e natureza. Tem também o local da reza... da devoção, onde acendem velas e fazem oração os peregrinos, hoje já não mais descalços, porem ainda crédulos buscando esperança, paz e perdão.

Ouvia-se o riso das crianças, os gritos dos mais jovens entre a impaciência dos mais velhos que queriam saborear o dia em quietude benevolente na sombra dos arvoredos nativos na beirada do mato rodeado pelo reflorestamento que ajudava o verde a ser mais denso, as aves a terem abrigo, a fauna e flora florescerem e alegrarem a vida pela vida.

Isso foi antes, existiu até olhares gulosos perceberem os lucros do reflorestamento estadual no parque, a facilidade da exploração, a ingenuidade do povo ante promessas de um novo parque, um novo lazer.

E o chão coberto de folhas está agora a céu aberto, calcinado pelo sol, pelo frio... que brota, acredito, do coração dos homens que deviam zelar por ele...zelar pela terra que tanto lhes deu e jaz moribunda ao léu.

Os animais, alguns encontraram abrigo na cidade, voam em bandos ao cair da tarde em busca de grãos para não morrer de fome. O bugio? Foi-se embora com sua pequena família decerto pra beira do rio que circunvizinha o parque. Isso se não teve morte em armadilhas no campo arado dos agricultores ou coisa pior, quem sabe... não mais se ouve o miado do gato do mato, ou o barulho dos cascos na noite silenciosa, o voar dos morcegos semeando novas florestas ou o migrar de tantos por aquele lugar, hoje deserto de tocos crestados no chão seco, morto...

E ainda dizem por aí que o parque vai ser reaberto, vai ser modernizado, vai voltar ao apogeu!!! Que lástima...o antes foi paraíso...o agora: benza Deus!... confiar no depois, quisera eu.