Minha primeira festa a fantasia

Ahhh .... Bragança Paulista!!! Terra da lingüiça (?!) Como ? É isso aí...quando fui morar em Bragança por conta da Faculdade a primeira coisa que quase todos me diziam era: então você vai pra terra da lingüiça? Cá entre nós essa é uma informação totalmente irrelevante, pois eu lá estava interessada em comer a melhor lingüiça (diga-se de passagem, as de Americana nada deixam a desejar). Nunca entendi bem o motivo de tanto falatório “linguiçal”, na certa não estávamos falando da mesma iguaria.

Como todo universitário que se preza, participar da festa a fantasia de lá era praticamente um ritual. Na primeira festa eu não fui e também nem teria como, posto que fiquei de babá de um amigo bebum e tive meu carro parcialmente depredado pelos símios universitários.

Mas no ano seguinte ....ahhhhh ...nesse eu me animei. A turma pondo pressão: vamos Jana!!! Decidi no dia...eu vou! E começa o corre-corre pra encontrar uma fantasia. Bom ...vestido preto toda mulher tem...botas também ....hummmm...já sei, vou de bruxa! (sem comentários quanto a isso, por favor!). Saí em busca de um chapéu e de quebra encontrei uma mini vassoura de piaçava.

Beleza ... fantasia providenciada, maquiagem preparada, algumas doses de balalaika (vodka de estudante quebrado) e lá vamos nós. Pera aí, como assim? Jannnnnnaaaa...vamos de carona! Saí correndo, catando o chapéu e tentando mirar uma reta na minha frente pra não pagar mico.

Eu me meto em cada fria. Olha o absurdo: estávamos nuns 10 na carroceria de uma caminhonete que passava com tudo pelas lombadas rumo à fazenda onde seria realizada a “sonhada” festa. Até hoje não sei quem nos deu carona, só sei que eu tava lá no meio perdida, do lado do super homem, que de super não tinha nada (depois que o efeito do álcool passa é foda). O motorista ia embalado quando de repente: cadê meu chapéu? Pára, pára moço ...meu chapéu caiu na pista. Bruxa sem chapéu não é bruxa, oras. E volta pra pegar o chapéu (e a maior zona dentro da carroceria).

Chegando na festa ... caí na real: cadê meu ingresso? Putz ...não acredito! Eu havia deixado no apartamento. Toda turma já havia entrado (amigo é pra essas coisas) e agora José? E dá-lhe lábia no segurança. Na verdade nem foi preciso muito chororô porque o empurra-empurra era tanto que quando percebi eu já estava lá dentro.

Olhava pra um lado: nada. Olhava pro outro: nada. Onde foram parar os meus amigos ? Já haviam sumido todos. Estava eu ali, sozinha, no meio da multidão , com meu chapéu e minha vassourinha na mão. Fiquei perambulando pela fazendo até que me deparei com uma imagem familiar. O Corvoooo!!!! Na verdade eu achava que o cara estava fantasiado de corvo porque eu jurava que ele tinha um corvo no ombro, mas isso era alucinação do álcool, porque o que ele carregava era um pombo preto (tadinho do pombo).

Acontece que o corvo estava pra lá de Bagdá. Ele ficava me encarando e eu falando, falando, falando, até que me dei conta que ele não estava ouvindo nada. Estava numa terceira ou quarta dimensão, sei lá. Nisso o efeito da balalaika foi passando e eu me vi ali parada no meio da festa pensando: que raios eu estou fazendo aqui? E mais: como eu vou embora daqui?!

Por sorte encontrei a irmã de um amigo que já estava a fim de ir embora. Como ela estava vestida de mulher gato a facilidade com que ela arrumou carona foi absurda. Acho que se eu não a tivesse encontrado eu estaria até agora esperando alguém pra me levar pra casa. Prometi a mim mesma que não voltaria mais a uma festa dessas, mas é claro que sou uma bela de uma cabeçuda e não cumpri a promessa, o que me rendeu mais um momento “filhodaputesco” que contarei numa outra ocasião.