Obituário de um cidadão comum - Crônicas curtas -

Faleceu nesse dia do ano corrente o cidadão comum. Deixa familiares, amigos e amantes. Cometeu erros como todos nós cometemos, foi perdoado, não perdoou. Amou, traiu e foi traído. Furou fila, experimentou fruta no mercado sem pagar, riu, chorou. As vezes ficou irritado por pouca coisa, prometeu muito, cumpriu pouco.

Não confiou nas pessoas, mas mesmo assim se entregou. Vagou pelas ruas a mesmo, sentou nos bancos da praça. Falou mal dos outros e foi engraçado. Em viagens de carro ou ônibus preferiu sentar na poltrona da janela. Tomava primeiro todo o café, depois comia a mistura. Gostava de crianças, conversava com os idosos. Preferia doces à salgados. Assistiu filmes de romance e de terror. Namorou a atriz mais bonita da tv, sem ela saber. Tomava o resto da sopa direto do prato, colava chiclé onde bem entendia. Usava meias furadas. Não corria atrás de ônibus se estivesse chegando atrasado, tinha vergonha. Gostava de fruta no pé e tomar banho de praia. Abraçava os amigos em público e dizia que amava a vida...era tão comum esse cidadão!!!