O que os pais esperam de uma escola para seu filho? Eu diria que fundamentalmente COMPROMETIMENTO. Todo o resto vem daí. Uma boa metodologia, bons profissionais, educação.
E o que esperam os pais da escola especializada em Autismo para seu filho diagnosticado Autista? A mesmo coisa: COMPROMETIMENTO.
Minha filha está na única escola especializada da região faz quatro anos. Nos três primeiros anos tudo correu bem. Embora não conseguisse notar em que ponto a Laura estava avançando. Notava sim, o quanto era bom a Laura sair de casa, esperar o ônibus, aguardar um lugar pra sentar. Neste ponto via minha filha ficar cada vez mais desenvolta, incluindo subir e descer do ônibus cada vez com mais desenvoltura.
Neste período, nunca recebi nenhuma avaliação de desempenho da Laura. Nas reuniões com a professora a interrogada era eu: "Como estás sentindo a Laura na escola"?
Um dia, recebi quatro desenhos "feitos" pela Laura. Três bem definidos. Mandei enquadrar e enfeitei a salinha da Laura com eles. Mas duvidava que ela os tivesse feito.
No ano passado, fui comunicada que a Laura havia sido promovida para o grupo. Duas semanas depois fui chamada para ser comunicada que a Laura não conseguia adaptar-se ao grupo e que devia trocar a medicação para ficar mais concentrada. Levei-a ao médico neurologista que a examinou e disse que não via nenhuma necessidade de trocar a medicação visto que a Laura estava bem.
Ao comunicar á Equipe Técnica da escola, notei que ficaram descontentes e até um pouco agressivas comigo. Fui ás lágrimas. E soube que então a Laura voltaria para o individual com uma professora que teria mais "pulso" com minha filha.
Lembro que muitas mães queixavam-se por verem-se pressionadas a trocar a medicação dos filhos sob alegação de estarem agitados. Fiquei triste com tudo isso.
Laura não deu certo com a professora de mais "pulso". E fui mais uma vez chamada e pressionada a trocar a medicação. Contratei uma professora que fazia ás vezes de terapeuta ocupacional. Logo na primeira atividade com desenhos descobrimos que a Laura jamais poderia ter pintado aqueles quadros. Em duas semanas a Laura já vestia-se sozinha mas com observação. E cresceu muito. Neste período, Laura na escola parecia calma. Até o final do ano, não fui chamada.
A professora tearapeuta ficou até dezembro em nossa casa. Na avaliação de final do ano, a professora da escola sugeriu algumas atividades para trabalhar durante as férias.
As aulas recomeçaram. Dois meses depois fui comunicada pela escola que Laura estava em estado de regressão. Não sabia o lugar de suas coisas e recusava-se a realizar as atividades. E fui aconselhada a procurar o neurologista e trocar a medicação. Só que em casa, acontecia o contrário. Laura estava indo até sua gaveta de calcinhas sozinha e as trocava sem observação. Ja vestia suas roupas praticamente sozinha com pouca ajuda. Também ajudava na arrumação da mesa para as refeições. Então como poderia estar em regressão?
O neurologista observou a Laura e nada notou que o levasse á troca de medicação.
Então coloquei-a para atendimento psicopedagógico. Um mês depois, fui chamada á escola. E novamente fui pressionada sobre a troca da medicação. Sugeri que fosse trocada a abordagem com a Laura, visto que já ouvira algumas mães contarem que seus filhos reclamaram estar "cansados de fazerem sempre a mesma coisa na escola". A Laura não fala. Não seria o comportamento dela a forma encontrada para dizer que não gostava das atividades? Que eram sempre as mesmas?
Então a psicóloga da escola com os braços cruzados falou: "A escola não tem mais nada a fazer pela Laura". Psicóloga?
Eu me pergunto: Onde está o comprometimento da escola? É muito mais fácil empurrar o aluno que "incomoda" para fora da escola do que buscar soluções. Porque buscar soluções desacomoda, pede estudo, leitura, trabalho. E a escola já tem tudo pronto!
Os êxitos e as dificuldades devem ser avaliados durante o processo educacional, descobrir-se as dificuldades, procurar refletir sobre elas e antes de tudo aprender com todo o processo. Se algo não está dando certo, a escola deve repensar seu fazer pedagógico sem buscar culpados mas permeada pelo respeito ao sujeito singular e social. Buscar soluções.
Laura tem necessidades educacionais especiais e devem ser respeitadas.
De que forma poderemos falar em inclusão escolar se nem a escola especializada o faz? Está nosso sistema educacional preparado para acolher a diferença em suas salas de aula?
Minha filha autista, dez anos, está sendo EXCLUÍDA da escola especializada em autismo, no momento em que mais se fala em INCLUSÃO!