SEM PROMESSAS, POR FAVOR...

Não, não! De jeito nenhum! Eu não quero me tornar eternamente responsável por aquilo que cativo. Exupéry que me perdoe. O Pequeno Príncipe também. Mas definitivamente não quero para mim tarefa tão difícil. Eternamente? É muito tempo. E não dá pra fazer promessa vazia! Isto é falso. E soa falso. Ninguém pode prometer nem o próximo segundo. Quanto mais eternamente... Não dá mesmo!

Sou contra promessas. Aliás, por que existem? A promessa é vazia. Basta dizer que vem da incerteza. Jurar amor eterno é vazio. Triste cena a dos casamentos: “Que não separe o homem o que Deus uniu”. Celebrar o amor é lindo. O que estraga é a promessa do para sempre. O que é para sempre? Melhor seria “Que se amem profundamente pelos próximos instantes”. Menos falso, menos dor, diante do fracasso que por desventura viesse “Puxa, não fui capaz de amar para sempre”...

Cativar alguém é lindo. Ser cativado também. Mas, por favor, melhor ficar só nisso. Sem hora marcada pra que o cativar termine. Nos cativamos? Puxa, que bom! Mas que não se quebre o encanto. O “cativador” não pode se tornar aquele que “cativa a dor” apenas para não ferir o “cativado”. Ele foi cativante e me deixei cativar. Só isso. Então por que o peso? Por que esperar responsabilidade pelo resto da vida? Em se tratando de sentimentos talvez não combine em nada...

Ser dono da felicidade alheia? Um peso. Um peso injusto. O peso de não querer machucar. O peso de se prender. O peso de não falhar. O encanto vira castigo. O que era lindo perde a beleza, vira fardo. A própria felicidade não pode depender de outros. Tem de ter desenho genuíno, original. Só assim não sofrerá ameaças. Do contrário, se o outro se for, nunca mais seremos felizes? O outro levou a felicidade, ficamos vazios...

E as juras de amor eterno? Ser desleal consigo, trair-se. Não sabemos nem de nós, que dirá do outro? Uma aliança pode prender corações? Um aro de ouro pode anular vontades? Uma promessa pode sufocar desejos? Não, não pode mesmo! Isso é matar a alma quando ela pede pra voar. É aprisionar o desejo quando ele não quer mais ficar. As palavras são bonitas, as promessas são cruéis. Fazem vítimas infelizes pro resto da vida. Convenhamos, um preço alto...

Deixo que me cative. Sim, deixo! Ah, como quero que me cative! E como quero saber te cativar! Mas não se aposse do meu destino. Nem eu do seu. O amor se foi? Não nos culpemos jamais. Não pertenço a você. Nem você a mim. E enquanto houver amor apenas nos deixemos cativar. E sejamos intensos assim. Vivamos tudo que for possível, intrinsecamente cativados. Tiremos de nós a viseira, a mordaça e as amarras das falsas promessas. Aliás, pobres das promessas! Nem são elas que machucam. O que machuca é a frustração de vê-las não se cumprirem... Então, sem promessas, por favor! Quem sabe assim o amor dure por muitos próximos instantes...