O ano da morte de

Acordo desavisado. Meus olhos firo com o sol que invade o quarto. No sonho que se desmancha na fricção dos dedos com as pálpebras não diviso a face clássica de Reis tampouco as vestes negras de Pessoa. Quem me veio ao sono foi Saramago. Seus óculos de grandes armações invisíveis emolduram comunistas olhos de gênio. Calvo esquálido fala pouco apenas me pede cuidado com a análise de seu romance. Antes que eu pergunte se também ganharia o Nobel, ele sorri e se esvai.

Acordo desavisado.

Descanso meus olhos nas sombras que jorram através do quarto cantos que o sol ainda não alcançou.

Avisaram-me.