BANDEIRANTES BELA CIDADE PARA PESCAR (03) FINAL

Fomos deitar as 4 :00 e os pescadores levantaram as 5:00 da matina, tínhamos tudo preparado, colocamos rapidinho no carro e marcamos rumo ao Rio. Que estrada complicada, barro preto, mole, com muitos buracos, altos e baixo, coisa de cerrado, era mais uma picada, tinha pau caído, cobra passando, escorpião andando e para finalizar uns espinhos que só de riscar inflamava, quanto mais difícil mais perto estávamos do Rio, até o cheiro estava mudando, entramos totalmente numa mata fechada, cheia de mosquito, chupa chupa....pica pica... morde..morde... (rs..rs..) uma praga, atacando de todos os lados.

Quando o nosso guia disse, pare debaixo destas árvores, vamos agora a pé, no meio da mata, pegamos tudo e caminhamos uns 15 minutos quando de repente chegamos a uma praia fresquinha e eu já estava só o bagaço, com o meu preparo físico de atleta e os outros companheiros, cada um mais derrubado que outro, o único inteiro era o guia.

Logo escolhemos os três na canoa e dois nos barrancos, eu escolhi a canoa e subir o braço do rio ate o final para ficar num poço que já conhecia, e vamos de varejão, rio acima deixando um belo lanche para os que ficaram e levando um pouco inclusive de iscas .

Subimos uns dois quilômetros quando cheguei no poço das lontras, pedi que me deixasse lá e eles continuaram a subir para descerem de rodada, desci na praia, procurei um canto, me organizei, pendurei a minha traia armei minhas varas e outras coisas, fiquei de calção de banho esticado na praia aguardando os peixes mastigarem.

Depois de algumas horas, nada de nadica, eu já estava vermelho que nem um camarão, resolvi então a pescar as sardinhas na sua melhor hora sol a pinho, peguei uma, vara iscas, um bornel, boné do meu atlético, entrei nágua e fui até umas galhadas de uma grande árvore que havia caído, local propício.

Comecei a pescar, uma atrás da outra, isca de milho, queijo, salame, minhocuçu, qualquer isca que colocava ela vinha, peguei umas 50 em pouco tempo, quando eu percebi que estava no local já dito ou seja das lontras, porque tinha algumas me olhando, pensei agora complicou, apareceram umas 10 de todos os tamanhos, com olhos dizendo, você é um branquelo peludo invasor e esta acabando com os nossos mantimentos. Então resolvi a repartir o pão, joguei algumas para elas e percebi que elas realmente perceberam que não estava ali para atrapalhar, mesmo assim, bem devagar, eu voltei nadando para o meu lado, lá pelo menos eu tinha a margem para escapar. No meio do caminho eu em nado de peito devagar para não assustar as danadinhas, ouvi uma lancha descendo em grande velocidade, ao passar deixou um rastro de ondas grandes que quase me mata afogado, havia esquecido deste detalhe, os irresponsáveis de lancha estão no pedaço, cheguei a praia com uns dois litros de água ingerida naquele momento.

Descansei um pouco, e voltei ao trabalho, armei novamente minhas varas agora com um pedaço de sardinha e fui comer uma farofa e beber uma talagada para recuperar a energia. Quando estava olhando a minha volta percebi a minha vara afundando, corri e dei uma chamuscada, tranquei um bichão... dos butelão mesmo...mais de 5 quilos, numa vara especial com a sardinha... emoção pura, adrenalina nos olhos, querendo ver qual é o peixe, quando eu vi era um pintadão bem ajeitado lindo de morrer... tirei ele e dei até uns beijinhos, amarrei numa linha e coloquei na praia dentro da água.

Fui trocar de iscas e coloquei um salame noutra vara, quando estava terminando ferrei um piau de uns 3 quilos bom também..

Resumo, peguei 4 piaus media de 2 quilos, um pintado, 5 pacus, quando os meninos estava descendo já 18:00 horas, quase escuro, com uma quantidade também de peixes diversos e muitos assuntos inclusive o ataque de abelhas quando comentei que um dos parceiros estava meio gordinho (....picadura de abelhakkkkkk). Com tudo no barco, começamos a descer o rio, bem devagarinho, todos iscados com as sardinhas anzol grande, vara forte e dura, para pegar peixe grande, sentimos batidas de todos os lados, os peixes estavam ali, canoa descendo, lua brilhando, vento fresco, mata chorando, água cantando no barranco e nos sozinhos naquela piscinona cheia de peixes feita pela mão de Deus, respirando aquele ar fresco, eu comi um pouco da farofa de carne seca e o resto joguei no rio, os peixinhos pulavam doidões, canoa descendo, quando enrolei uma linha grossa que o guia tinha colocado na ponta da canoa com um peixe, na mão para ver se a isca ainda estava lá, foi quando senti um puxão forte para baixo e a canoa parou, eu gritei tem peixe aqui e a linha esta presa na minha mão, o guia gritou corta a linha, eu senti meus dedos sendo cortados pela linha, o peixe puxando rio acima eu então levantei e fui até a biqueira da canoa envolvi a linha numa ponteira de ferro da canoa e já com a linha quase torando minha mão, pedi para cortar a linha que já estava presa na ponta da canoa. Conseguimos levar o peixe para praia e eu tive apenas dois cortes nas mãos fundos, mas sem muito problema, conseguimos pescar uma Pirarara de 12 quilos, de 1,5 metros, linda, laranjada, uma maravilha de pescado.

Fomos todos para os carros com os pescados, não dormimos na beira do rio, porque disseram que tinham onças por perto, não queríamos arriscar, chegamos na Cidade com os peixes, bastante para um dia, eu estava arrebentado, tomei um banho, passei um creme e fui deitar numa rede e acordei somente as 4 horas da manha quando uma turma que tinha fritado alguns peixes me convocaram para jogar truco e beber uma cervinha gelada e atualizar a prosa, quando comentaram a subida do rio e resolveram a dar uma parada justamente numa colméia dentro de um tronco que amarram a canoa, no começo apenas algumas, mas depois... milhões de abelhas a volta do tronco esperando um movimento quando a lancha que subiu levantando ondas, que espantaram todas as bonitinhas e deram umas espetadinhas nos meus amigos e obrigaram a pularem dentro do rio.

A farra durou ate as 5 horas da tarde, quando eu fui novamente dormir que não estava mais agüentando de calor e ardência na pele. Não quis fazer nada no dia posterior, passei andando pela Cidade conhecendo os pontos e tirando fotos.

Finalmente resolvemos não ficarmos os dias desejados éramos para ficar 10 dias, voltamos com 6, mas foi uma maravilha de viagem, inclusive as mulheres, não deram trabalho, curtiram bastante, fazendo agradável e doce retorno, o que me fez registrar mais esta passagem pelo nosso lindo e maravilhoso Araguaia via bela Cidade Bandeirantes, um convite para que tiver oportunidade, ficando aqui o agradecimento a Dona Lucy e toda família que nos tratou como Reis. Até a próxima viagem com fé em Deus. Obs: Se você achar que é mentira, pergunte a qualquer um que gosta do Araguaia se ele não é um dos melhores rio do mundo para se pescar, pena que os malditos pescadores vão para acabar com ele na piracema...