A notícia da morte de Saramago (Morte de Saramago? sinto q/ ainda não me caiu a ficha!)me alcançou num dia feliz.
Estava num hotel em Salvador com meus cunhados portugueses tramando um passeio pela Bahia  histórica, onde nossos antepassados comuns, deixaram a sua marca.
Naquele  momento, para mim,o sol se pôs;o maior escritor da língua portuguesa de repente, não mais estava lá;tinha ido,como ele desenhava assim a morte.
Levantada do chão fiquei eu.
Sem ter para quem apelar passei uma mensagem telepática para Blimunda,aquela que recolhia os espíritos,no livro “Memorial do Convento”,pedindo-lhe que nos trouxesse de volta este monumento da literatura mundial.
Sem  resposta, juntei a coragem e as lições de vida e paciência que recebi do Cipriano  Algor,tentando imaginar-me sem novos livros de Saramago.
 O escritor, dizia ele,é como todos os homens:sonha.
Então, vamos considerar como um mau sonho esse acontecimento.
Saramago vive!
Vive nas centenas de personagens que criou, vive nos livros que espiam para mim na prateleira da minha biblioteca,vive nos momentos de felicidade que esses textos me proporcionaram,vive no autógrafo que me  deu  em Lisboa,esse fato,por si mesmo,uma estória de amor.
Meu marido, o português Raul, que detesta filas chamem-se elas filas ou bichas,como em Lisboa,ficou ,de pé,cerca de uma hora até conseguir para mim o autógrafo daquele que ele sabia ser o autor do meu coração.
Está  aqui, o livro “Ensaio sobre a cegueira”,agora,ao meu lado,como uma presença eterna do escritor que tanto admirei e admiro,estando nesta ou noutras paragens.
Que não me deixe muito cair na cegueira  mental  e nem me deixe faltar a sua presença através da sua obra que contém toda a humanidade.
Termino com as palavras do próprio Saramago,que,como eu,também teve o seu pilar aonde pudesse descansar as costas batidas pela vida.Como o português Raul é para mim.
 "Viver aquilo que ainda tenho para viver, que, com esta idade, não pode ser muito, mas vou tentar por duas, três ou quatro razões vivê-lo bem. Não é viver na farra porque nunca fui disso, viver bem como tenho vivido com a Pilar que foi algo que eu não podia esperar que me sucedesse", 
 



Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 19/06/2010
Código do texto: T2328718
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