(In)Paciência.

Dizem que quanto mais velhas, menos pacientes ficam as pessoas.

Dá-se a esta afirmação o nome de sofisma.

Mas há uma explicação. E até mesmo esta irá parecer impaciente.

As pessoas que estão da metade para la não teem mais a preocupação demagógica de quem ficou da metade para cá. Não vêem mais nos princípios lógicos da estrutura vital a razão para pensar e esquematizar cada dia, cada semana, cada mês. E a verdade é uma só: Não há mais tempo para isso tudo. Chegou-se ao que definiria por tudo ou nada. E quando o trem ultrapassa a metade da viagem muito dificilmente se olha para trás. Daí pra frente a paisagem define a ação, o gesto, a satisfação. Muito do que se correu para "ter" ou "ser" até este momento, passa pra fila do outro lado. Agora é tempo de realizar sem licitação, sem medo ou opção. É agora ou não mais será. Pode-se ter o que consideravam luxo até ontem, armazenar não faz mais sentido. E isto não pode ser chamado de impaciência. Porque filas não mais atraem, era obrigação. Os joelhos e articulações estiveram sobrecarregados e de agora em diante exercitam somente a felicidade. Os olhos, cansados de dar atenção a infinitas exibições sobre como prolongar a vida, estendem-se agora sobre o horizonte multicolorido e encantador onde um resto de sol abrevia a tarde e anuncia uma noite enluarada e dançante. O prazer está no que se doa, no que se ensina porque é nesta fase de vida que se tornam mestres por formação da caminhada até ali e do que se reuniu ao longo da estrada. Mestre por vocação, por vivência. Está na hora de desacelerar os compromissos, de virar as costas à hipocrisia e métodos inúteis. Isto não é ser impaciente. É ter o bilhete premiado, o atalho, a primeira valsa, o maior pedaço de bolo. É ter conquistado. Não há mais tempo pra melindres e reuniões infindáveis. É partir pra construção sem a maquete e ver que sempre deu e dará certo.

Por isso, ao entardecer da vida as pessoas têem pressa em realizar e pouca atenção para os obstáculos e protocolos. Mas é uma corrida saudável, até mesmo mais que antes. Porque é uma velocidade que não gera erros por já ter a certeza da linha de chegada. E mesmo que aos demais olhares tudo pareça ambíguo restará o sorriso e empreitada de quem, mesmo tendo ao lado a companhia no trem que corre, sabe que a viagem terminará sempre em lugares diferentes para um e para outro. Portanto, é de natureza pouco construtiva e leal distorcer a realidade. A linha de partida é uma só. A de chegada dependerá de cada escolha!

Beijos serenos para todos.

Anjo de Cristal.

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 20/06/2010
Código do texto: T2330190
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