Um pedaçinho de papel amassado

Era uma vez e assim começa a história de um pedaçinho de papel abandonado num canto, sujo amassado sentindo-se totalmente sozinho, desprezado, sem utilidade nenhuma, muito triste enquanto divagava lagrimas escorrem pela sarjeta.

Em sua desventura e na dor deste seu infortúnio, entra em devaneios, questionando o porquê fora ele condenado a esta triste sorte ser simplesmente um papel amassado que é jogado, chutado de um lado para o outro sem ter um sentido em sua existência.

Vagueava assim ele em seus pensamentos;

“Ninguém me quer! È tão triste viver assim, sem sentido sem ter uma utilidade qualquer. Como seria bom se pudesse ser útil! Quem sabe servir de recado a um enamorado que declarando todo seu amor, talha em mim seus sentimentos e emoções em forma de uma linda poesia para sua amada.

Ou se sobre mim um escritor deitasse seu texto, escrevesse um conto, um fato uma história ou o jornalista relatasse emocionante notícia. Seria fascinante participar de toda esta formosura que encontramos na literatura! Imaginem fazer parte das obras de Pablo Neruda ou as de Carlos Drummond de Andrades grandes mestres em suas artes.

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.

Que chik ! Gente seria lindo! Um deleite.

Servir de enfeite nas festas juninas ou se me pintassem de verde amarelo, branco e azul anil e assim comemoraria as vitórias do Brasil.

Seria tudo tão diferente, se eu tivesse para alguém serventia,se em mim rabiscassem a esmo, desenhassem me vestindo dando-me forma e vida e alegria, pintando em mim cores bem coloridas. Como seria bom se um menino me cata-se do chão e com suas mãos fosse este papel desamassando,formando com cuidado e carinho sentado no seu cantinho sua obra de arte envaidecido por sua façanha e sai feliz cantarolando,fazendo de mim seu brinquedinho e chegando a beira do rio me coloca com cuidado em suas águas cauteloso me arruma ajeita aqui ali, como a se despedir e logo fica feliz ao ver seu barquinho navegar e devagarzinho ir sumindo... Sumindo me daria ele a utilidade sonhada e eu lhe retribuiria humildemente radiante este breve instante de felicidade.

Seria fantástico não é mesmo? Virar nas mãos de meninos um jumbo cortar os céus sobrevoar sobre as nuvens que parecem mais serem feitas de algodão doce, correndo o mundo e adquirindo conhecimento. Acham que é muito deslumbramento? Mas já que estou divagando posso me deleitar e sonhar e assim esquecer minha dura realidade. Imaginem fazer parte da alegria da criançada que em gostosas gargalhadas se divertem construindo seu brinquedo “uma pipa” bem bonita e colorida feita com todo capricho que com sua longa cauda dócil voa livremente levada pelos ventos deslizando pelo céu, e correm e se divertem e tudo isso feito só de cola, barbante, vareta e papel.

De repente bate um vento sou levado para o meio da calçada levo um chute, paro no outro lado da rua, volto à dura realidade eu um simples pedacinho de papel entre o mundo humano e o virtual sozinho totalmente esquecido, tudo continua igual.

Marilda Corrêa
Enviado por Marilda Corrêa em 20/06/2010
Reeditado em 20/06/2010
Código do texto: T2331754
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