SER SECURITÁRIO

Não é fácil não ... eu que o diga. Claro que não posso negar que é um mercado abrangente, abre portas, gera muito emprego, mas enfim ...

Entrei nesta “gelada” em 2003. Me recordo com muito carinho da primeira Corretora onde trabalhei. Era tão pequena, apenas eu e outra funcionária (casca grossa, por sinal!).

Lá aprendi de tudo um pouco: Operar os sistemas de cálculo das diversas Seguradoras, aprender a falar ao telefone (eu era muuuiiito tímida), fazer as tratativas comerciais, organizar o arquivo (absorver todo aquele pó, coitada de minha sinusite!!!), conferir apólices, até serviço de office-boy eu fazia (aproveitava para passear !!!). Mas apesar de tanta correria, eu adorava tudo aquilo, afinal, era meu emprego. Estava me sentindo importante, tinha apenas 16 aninhos e já ganhava minha graninha.

Falando em graninha, o salário ... então ... é melhor pular esta parte.

De lá prá cá, trabalhei em outras Corretoras, me atualizei, adquiri experiência, meu salário deu uma leve “esticadinha” (nada do outro mundo !!!). Mas o que mais coleciono ao longo de 07 anos, são os apuros que passei. Nossa !!!!

Lembro-me de uma cotação de frota de seguro automóvel (era renovação de uma apólice coletiva de “somente” 82 veículos). Fiz a cotação para 81 veículos ... resultado?

O item que faltou gerou uma diferença a pagar de R$ 1.200,00. Acho que nem precisa dizer o que aconteceu depois, não é mesmo ???

E atender sinistro ? Bom, para quem não sabe, sinistro no ramo de Seguros, quer dizer roubo, furto ou colisão do carro, devidamente consumados. Então, voltando, já atendi um sinistro de roubo que simplesmente não teve cobertura, ou seja, o segurado ficou sem indenização. Motivo ? A cotação havia sido feita de forma errada (problemas no perfil do condutor principal). Porem, antes que me perguntem, desta vez não fui eu a responsável pelo erro. No entanto, fui eu quem ouviu de tudo e mais um pouco. O segurado só não me chamou de “santa”. Processou a Corretora, a Seguradora, fez o “diabo a quatro” !

Quando fui assistente comercial (na última Corretora onde trabalhei), havia uma meta estipulada de 40 seguros/ mês. Meu Deus do céu ... como eu sofria para cumprir esta bendita meta. E o coordenador ? Gente, ele pressionava demais da conta ! Para ele o que importava era a quantidade e não a qualidade !

O que tive de fazer ? Dançar conforme a música, é claro ! Vendia seguros como que quem vende bananas na feira. Era seguro parcial, era seguro sem cobertura de vidros, era seguro com franquia dobrada, era seguro “sem seguro” (perfil errado). O importante era cumprir a meta de 40 seguros. Não era isso que eles queriam ? Números ?

Por incrível que pareça, ainda sou securitária. Pois é, na verdade gosto bastante do que faço. Felizmente hoje está tudo mais tranqüilo, não tenho meta a cumprir, faço um trabalho mais segmentado (deixei de ser “Bombril”).

Definitivamente, ser securitário é estar 100% seguro naquilo que se faz.

(Fabiana Mira)

Bi Mira
Enviado por Bi Mira em 23/06/2010
Código do texto: T2336680
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