Dentro do ônibus

Um dia, quase noitinha eu estava indo para casa de ônibus, e tinha sido um dia daqueles! Confesso que estava num de meus raríssimos dias de mau humor. Não sou disso, prefiro levar a vida conforme a corrente do vento.

Já perto de minha casa, o ônibus estava meio vazio, poucas pessoas em pé. Faltando pouco para meu desembarque, me levantei e fiquei ali diante da porta.

Uma mulher enfeitada de perua, ou perua enfeitada de mulher, não sei bem, também se levantou, se aproximou de mim e tascou:

- Meu filho...

Antes que pudesse continuar, mandei:

- Poxa, eu não sabia que meu pai tinha transado com você pra me fazer. Sempre pensei que fosse com minha mãe.

Penso que ela quase morreu envenenada com sua própria saliva, tamanho o ódio que vi nos seus olhos.

- Seu grosso, eu só quero perguntar se você vai descer. - Justificou.

- Não, senhora! Vou ficar aqui o resto da noite. - Respondi.

- Seu palhaço, eu perguntei se vai descer agora! - Quase gritou.

- Não, vou esperar o ônibus parar e abrir a porta. - Retruquei.

Logo o ônibus parou e desci no meu ponto. Não me lembro de ter visto a figura novamente.

Posso ter sido tosco, mas tem dia que não suporto prepotência pra cima de mim.

Outra coisa que me irrita: Me chamar de "meu filho", com aquele ar de superioridade.

E olha que sou calmo, quase parado!!! De verdade!

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 24/06/2010
Reeditado em 25/06/2010
Código do texto: T2338370
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