Recepcionistas e decepcionistas

Um chiclete tutti fruti para quem nunca viu a cena: “Bom dia, é possível falar com Fulano?” “Quem quer estar falando?”. Pronto, começou o festival: se você está lá, se dispondo a ouvir o gerundismo mais infame, deve ser você. Ou será que não? Mas nunca para por aí: “Posso estar sabendo qual é o assunto?” “Sr. Fulano, está aqui o Jerônimo, da empresa Praia do Sol, e ele gostaria de estar falando sobre os lotes de Campo Alegre.” E olha que, embora seu nome seja Antônio, a empresa se chame Águas Claras e você apenas explique a ela que é vizinho dele em Monte Alegre e o assunto nada tenha a ver com lotes, ainda levou sorte, afinal, ela ainda não o chamou de moço, nem disse que o Sr. Fulano não está, embora você o tenha visto pela porta entreaberta. Calma, ainda virá.

Qualquer almanaquezinho de administração, relações humanas, relações públicas, política ou de curiosidades contém o ditado: “Não existe uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão”. Mas um enorme número de empresas insiste em fazer das recepcionistas telefonistas, conferentes, secretárias de todo baixo, médio e alto escalão da empresa e, por uma questão de economia ou desleixo ou por não terem lido o almanaque aquele, não lhes dão a formação devida, nem a indevida.

Muito mais preocupadas em deixar o patrão contente do que em resolver problemas e “vender” a imagem da empresa, agem de acordo com o que acham menos comprometedor ou apenas de olho no término do expediente. Começam assassinando a língua portuguesa e terminam espantando os visitantes e causando uma péssima impressão. Mas a empresa economizou, não importa que documentos, muitas vezes importantes, ficaram no fundo da gaveta da recepcionista sem nunca chegar ao destinatário.

Nem tudo é choro e ranger de dentes: há as que recebem com um sorriso, escutam e procuram encaminhar corretamente. E, por incrível que pareça, não erram nomes e nem perguntam o assunto. Falando nisso, para que precisam saber o assunto? Fazem o papel delas, de bem receber e bem encaminhar. Papel de causar uma primeira boa impressão.

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