FORA DE MODA
FORA DE MODA
Desconfio que a naturalidade esteja fora de moda. Não tenho mais coragem de dizer que a cor da cortina daquela sala poderia ser mais clara, que ficaria melhor assim ou assado. Tenho medo de rir fora-de-hora, de falar abertamente sobre problemas comuns que uma simples troca de idéias poderia amenizar, de fazer um cumprimento, um elogio simples ou uma crítica construtiva. Posso ser mal interpretada, rotulada, posso ferir suscetibilidades. Os politicamente corretos, donos-da-verdade, chatos de galocha, estão sempre de plantão, com seus livros especializados em tudo, frases feitas e opiniões formadas. Está proibida a comunicação espontânea, os gestos devem ser contidos, a escrita deve observar um rígido formalismo (piegas e obsoleto) e os ambientes devem ser impecáveis... e frios. Ah, e para inspirar respeito, a cara-amarrada-estressada não pode faltar! Deus! Estou fora!!! Adoro falar bobagem, adoro rir, adoro aprender e não me importo de errar. Decididamente essa moda não me interessa, quero distância dela.