A EXPLORAÇÃO COMERCIAL DO MEDO

O que mais espanta é ver pessoas assustadas com a criminalidade colaborando com a audiência de programas de televisão que incitam ao medo, ao ódio, a vingança e a violência. Espanta, porém, muito mais o ver um canal de TV adquirido com o dinheiro de dízimos de certa igreja dita “cristã” divulgando mundanismo e fazendo apologia a violência, a intolerância e à vingança, incitando ao ódio, ao barbarismo e ao medo em certos programas animados por apresentadores altamente inadequados, sarcásticos, satíricos, insolentes, irreverentes, sem ética, sem pudor, convencidíssimos de suas virtudes superiores e que se julgam acima do bem e do mal.

Quanto ao caso de veículos de comunicação seculares serem adquiridos com o dinheiro do dízimo, que deveria servir a causa do Evangelho, isto é desvio de propósito, falsidade ideológica, corrupção; o valer-se do dinheiro de entidade filantrópica para enrriquecimento próprio é despotismo, roubalheira; o fazê-lo com mentiras é charlatanismo, sem-vergonhice, etc., e sobre tais igrejas (em especial, uma) a Justiça já deveria ter caído com sua bem pesada mão há muito tempo.

Ironicamente, pessoas que têm medo de sair a rua por causa do índice elevado de criminalidade trancam-se em casa a assistir e glorificar a programas bizarros como esses da Rede Recordes (o "Balançou na Geral..., e um dia cairá)", onde os apresentadores mal educados, especialmente o tal de Bergamota, pretendem estar vingando a sociedade ao afrontar os supostos malfeitores com palavrões violentos, com injúrias maldizentes, com desrespeito a pessoas de quem eles mal ouviram falar, de cujas vidas eles nada sabem, com difamação e coisas do gênero (incitando também alguns estes ao ódio e a reincidência). Ao contrário do que eles dizem, tais programas somente produzem mais medo, pois esse é o grande trunfo da audiência. Aliás, grande parte da renda de jornalista provém de explorar o desvio de conduta alheio, dos outros e dos filhos dos outros, – provém de denunciar as falhas dos outros (mas esconder as suas tanto quanto possível, como caso recente do filho de certo proprietário de rede de televisão). Não que notificar a violência favoreça e previna de forma útil a população (produz sim uma cultura do crime e do medo – pessoas passam a viver em função disso) e isso produz audiência, que produz dividendos e também vende produtos de segurança, equipamentos de informática, além de outros tantos, rende também empregos para políciais, para vigilantes, etc... Sem contar que estimula a novos criminosos.

Hipocritamente, tais apresentadores põem-se de defensores da sociedade coagida e oprimida pelo mal-feitor sem causa aparente. Na verdade, porém, eles arrojam-se dessa forma é pelo alto salário que recebem para bem manipular as emoções das massas, pois por simples idealismo não fariam. E tais salários eles recebem porque seus programas sanguinolentos, que exploram os mais baixos impulsos dos indivíduos, produzem audiência em meio a uma parcela simplista da sociedade, predominantemente inculta, sem opinião própria, que poderia facilmente ser incitada ao linchamento de qualquer indivíduo qual manada estourada, até mesmo de seus irmãos e parentes, o que fariam sem ao menos indagar o porquê. Tais pessoas vivem de baixa renda, mas gastam liberalmente tudo o que têm e isso interessa aos anunciantes.

Tais apresentadores põem-se de juizes de quem quer que eles, preconceituosamente, julguem merecedor, sentenciando as pessoas de saco de lixo, de vagabundos (a)s e daí para baixo. Seus programas incitam a violência e não a paz, munem as pessoas de medo, fazendo que vivam em permanente ressentimento (estresse constante - que é altamente prejudicial), reagindo com resseio e violência a todo indício e julgando a tudo como indício. Nem mesmo suas apologias e louvores a Polícia e a Justiça produzem segurança, pois tais programas dimencionam de forma exuberante a criminalidade, dando-lhe larga visibilidade e com isso produzindo sensação de medo muito maior, pois todos sabem que na hora do perigo a Polícia e aJustiça não estarão por perto, pois dificilmente conseguem antecipar-se a uma ocorrência.

Muitas pessoas poderiam viver sem medo até o dia em que viessem a ser, por desventura, assaltadas. Entretanto, assistindo a esses lixos televisivos a maioria não viverá mais segura, pois jamais conseguirá prevenir o perigo (pois não conseguimos), mas viverá eternamente com medo e cada vez com mais medo, como se estivesse sempre sendo assaltada, mesmo que jamais venha a sofrer um assalto.

Portanto, assim como os jornais que ao torcer-se sai sangue, esses programas apelativos, imorais e escrachados dessa rede de televisão, bem como as de outras, não estão ao lado e, tampouco, em defesa do povo, mas, como na Igreja do Santo Lucro, da qual o proprietário dessa rede de TV é dono, estão apenas em defesa de seus interesses pessoais, que é ganhar dinheiro, sempre mais dinheiro e muito mais, tudinho para eles. Se tais programas estivessem em defesa do povo, falariam como Jesus falou: “Amai, pois aos vossos inimigos e fazei o bem e emprestais sem nada esperardes, pois será grande o vosso galardão.” – Lucas 6:35.

Que contraste entre essas palavras de Cristo e a filosofia da Igreja Unilateral do Reino de Dinheiro (IURD) e sua hipócrita rede de comunicação!