O chato e suas respostas

Se você tem uma tese, uma filosofia de vida, acredita piamente em algum sistema, alguma ideologia, tente não se apaixonar por ela. Não importa se você é católico, místico, espírita, hippie, comunista, o que for. Que sua ideologia sirva a ti, não sirva você a ela. Não reduza o mundo, lindamente complexo, a uma tese.

Qualquer um que acredite cegamente nos princípios de uma forma de pensar pode tornar-se logo insuportável, fadado ao isolamento. Sabe aquele chato, fanático, que resume o mundo em meia dúzia de verdades absolutas que sua crença oferece? Todos já encontramos um. São boas pessoas, geralmente. Uma pena serem tão irritantes com suas frases prontas.

É cada vez mais recorrente eu ter que escapar de alguma discussão, apenas porque o interlocutor insiste em oferecer explicações sobre qualquer coisa, dentro daquilo que ele acredita, sem aventurar-se um mísero passo fora da linha. Todo o resto é bobagem e perda de tempo para estes, que desmontam qualquer tentativa de argumento, resumindo o mundo a simplificações, que podem ser energias, espíritos, astros, burguesia ou conspirações. Maniqueístas, sempre dão um jeito de classificar o bom e o mau.

A estas pessoas, imponho apenas a minha cara de paisagem. Não sou contra as ideologias, mas sim às suas distorções, que são os fanatismos. Sou a favor da busca de respostas para a vida, mas sou contra as respostas. Respostas são pretensiosas, encerram questões que não são simples como 2+2. Vou sempre preferir versões, hipóteses, teorias e argumentos. Às favas com as verdades.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 30/06/2010
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