Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XII) - Uma vitória maiúscula da seleção.

Copa do Mundo - Diário de um torcedor (XII) - Uma vitória maiúscula da seleção.

Acompanhando o noticiário sobre as condições da seleção brasileira, antes da partida com a seleção do Chile (velha fregueza de caderninho), me deparei com a transmissão do "Festival de Parintins", na TV Band, onde a disputa se circunscreve a duas agremiações (ou como dizem por lá, "bois") a saber: "Boi Garantido" e "Boi Caprichoso", cujas cores, são respectivamente, vermelho e azul. Assisti alguns minutos e fiquei impressionado com a participação educada e contagiante da platéia, que responde ao chamado do animador e cantor com coreografias e danças coordenadas, sendo parte do espetáculo. Mas, não consegui entender a falta de opções ao vermelho e azul e, como não gosto da idéia de escolhas bipolares, mudei logo de canal...

...E aí, encontrei um desses programas meio engraçados, tipo "debate-bola" - onde os caras passam horas debatendo coisas do "rude esporte bretão", quando falavam sobre a voz cada vez mais crescente nas agremiações futebolísticas européias, que ligam a baixa qualidade dos jogadores e futebol apresentado pelas seleções européias na Copa do Mundo à presença cada vez maior de estrangeiros nos times de futebol europeus.

Sei, não. Acho que já ouvi esse mesmo papo, antes, com uma roupagem diferente. Vejamos: se a má qualidade das seleções européias estivesse unica e diretamente vinculada à presença de jogadores estrangeiros nas equipes européias, não se seguiria que as equipes do continente africano - que tem boa parte seus atletas jogando em equipes européias não deveriam estar apresentando um futebol muito melhor do que apresentaram?

O futebol é o esporte mais querido dos europeus e, a queda de sua qualidade é mesmo uma lástima. Mas, espero que o raciocínio que anda nas mentes dos dirigentes de organismos e equipes européias não estejam ligadas ás políticas de combate à imigração, que vão, pouco a pouco, levantando muros culturais, ao longo do continente - mal do qual não escapam outros países, como é o caso do Japão, que estuda, vejam só!, conceder visto de entrada e permanencia apenas àqueles que falarem fluentemente a língua do país...

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Nas reportagens sobre o nosso adversário, destaque para a figura do técnico Marcelo Bielsa, que dizem ser chamado de "el loco" por causa de seu comportamento argentino à beira do gramado e, sobre a sua opção preferencial pela manutenção da equipe chilena constantemente no ataque - o que seria suicídio, no caso da equipe brasileira, à qual nunca desgostou oportunidade farta de contra-ataque, ainda mais, com a volta de Káká e Robinho, garantindo mais eficiência e rapidez na armação das jogadas e finalizações...

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Na hora do jogo, tudo certo: eu e minha esposa de uniforme amarelo e azul, cerveja para mim, refrigerante para ela, tira-gostos, cornetas e, a bandeira listrada de verde-amarelo sobre a mesinha de centro e, claro a presença de Pandinha e Pandora na sala, tentando se abrigar da agressão dos estouros de bombas dos fogos de artifício - esta, tremendo e recebendo os carinhos da segunda "mãe".

Pela primeira vez, assisti a uma partida da Copa do Mundo onde a seleção canarinho atuou de forma bela e convincente, com todos os setores do time funcionando armonicamente, desde o gol - com a atuação firme de Júlio Cesar, passando pela defesa eficiente, com a presença de Ramirez e Lúcio - que estava "sobrando" no jogo, dando-se ao luxo de armar jogadas e, participar do ataque, a presença robusta, tenaz e inteligente de Gilberto Silva no meio de campo, o destaque de Kaká e Robinho na armação e finalização das jogadas, a partir da linha intermediária e, claro, a presença luminosa e consistente de Luiz Fabiano, às portas da grande área chilena.

E, não deu outra: com o time do Chile mantendo sua característica de equipe ofensiva, não houve dificuldade de impor um grande placar contra ela, 3 x 1, com três belos gols - o segundo, fruto de passes sucessivos da lateral esquerda para a grande área, de Robinho para Kaká e, Luiz Fabiano, que deixou a marca de sua estrela nas redes do goleiro ..., não restando muito mais ao técnico da seleção chilena do que protestar e gesticular nervosamente, à beira do gramado.

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O que pode ser chamado de "zebra", na Copa da África do Sul? Diante da baixa qualidade do futebol apresentado e, pelas sucessivas decepções com as seleções européias, quase nada.

O resultado da partida entre Gana x Estados Unidos, talvez se encaixe nessa descrição. Mas, não sei - os americanos entraram no time dos "discretos" desde o começo... Pesa, agora, sobre os ombros dos ganeses, a responsabilidade de representar o continente africano no torneio. Mas, como resistir à oportunidade de fazer um trocadilho besta, e dizer que os caras estão com uma fome de ontem?

Um outro caso é o da seleção do Uruguai, que já havia realizado um feito, ao se classificar para a Copa, deu sorte de entrar numa chave de seleções muito fracas e, que chegou às quartas de final, depois de impor a derrota à seleção da Coréia do Sul...

Mas, agora, vão se enfrentar justamente Gana x Uruguai, na disputa de uma vaga para a semifinal. Mata-mata entre as zebras, portanto.

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E a Argentina, hein? Despachou a seleção asteca para casa, com uma brilhante vitória de 3 x 1 e, vai com tudo, em busca do título, inspirada (opa!) pelo técnico Maradonna. Em minha modesta opinião, a mais emocionante e disputada partida desta Copa do Mundo - latina, sanguínea, nervosa.

Os alemães devem estar tampando a caneca com a mão, temendo a água em seu chope!...

De repente, pode dar Brasil x Argentina na final da Copa do Mundo. E aí, vai ser aquele tipo de jogo que conhecemos, não nos favorece e, os argetinos adoram - provocações gratuítas, muitas faltas, pancadaria e, xingamentos!

O que pode fazer a diferença, se acontecer uma final assim? Para mim, a atuação do técnico Dunga, preparando os jogadores para enfrentar um jogo estressante. Mas, para conseguir isso, me perdoem a piadinha safada, ele, um profissional vitorioso no mundo do futebol, não pode estar "estressado"...

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A seleção japonesa evoluiu muito. Mas, continua com um velho problema: quando chega a hora de finalizar, falta a decisão, o estalo, típico do craque. Segundo Zico, este foi, talvez, o problema contra o qual Zico mais lutou, treinando equipes nipônicas.

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Não bastasse a tolerância a essa coisa infantil e chata chamada "vuvuzela", da tentativa dos oportunistas (Luis Fabiano, incluído e pernas-de-pau em estabelecer uma falsa polêmica m torno dos supostos defeitos da "jabulani"*, já faz uns dias, a arbitragem colocou as manguinhas de fora, cometendo erros bárbaros, talvez com a finalidade de aparecer, confiando na impunidade de suas decisões lamentáveis.

E a Federeção Internacional de Futebol? Ué, a FIFA, como vimos, tomou providências enérgicas: vetou a exibição de repetos de imagens nos estádios e, desconversa sobre a utilização de chipes e imagens, para resolver lances duvidosos. Ou seja, os minutos de fama de juízes pouco confiáveis, estão garantidos, hoje e sempre. As seleções que chorem no pé do baobá!

Na visão dos cartolas da FIFA, pelo que entendi, errados são os que reclamam do prejuízo. Ou, dizendo de outra forma, os incomodados não mudam. Impõem regras (e costumes) de arbitragem do século XIX para espectadores que tem à mão, tecnologias do século 21 e, acham que está tudo certo.

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* Durante um treino da primeira fase, o técnico Maradonna demonstrou aos jogadores da sua equipe como se aproveitar das qualidades da bola da copa, cobrando uma falta de forma magistral, colocando um efeito na bola, que subiu, ultrapassou a barreira e desceu de repente, entrando no ângulo do canto direito das traves - quem sabe, sabe...

Fico por aqui. 'Bora pra frente, Brasil!