PERDEMOS A COPA

Perdemos a copa.
 
O Brasileiro, em sua maioria, coloca seu coração e o seu valor, na ponta das chuteiras de sua seleção.
 
      Perdemos a copa.
 
      Perdemos a copa, unicamente enquanto torcedores.
 
      É engraçado como alguns eventos, em especial o carnaval, a copa do mundo de futebol, a final do brasileirão de futebol, ou mesmo as finais dos campeonatos estaduais de futebol, possuem a força de concentrar a atenção de um contingente enorme de nossa população.
 
      O poder estabelecido disto sabe, e o utiliza, com o anteparo “lúdico” das redes de comunicação de massa, sejam estas as televisões, os rádios ou os jornais de grande circulação, forçando assim uma maior valoração destes eventos, dispersando desta forma, o já pequeno grau de consciência de nossa população.
 
      O povo se esquece quase que completamente de suas mazelas.
 
      Os políticos aproveitam para legislar sobre assuntos polêmicos, e se possível fazem com que estes passem como aprovados, o que normalmente chamaria muito a atenção.
 
      Esquecemo-nos do baixíssimo nível de cultura de nossa população.
 
      Esquecemo-nos do abandono das escolas públicas e dos seus professores.
 
      Esquecemo-nos de todos os problemas e do abandono da área de saúde publica, tanto dos hospitais, quanto de seus valentes médicos.
 
      Esquecemo-nos do total nível de insegurança pública a que estamos sujeitos.
 
      Esquecemo-nos da má distribuição de renda.
 
      Esquecemo-nos do baixo nível de geração de empregos.
 
      Esquecemo-nos enfim da fome, da miséria, e do abandono social a que a nossa população está largada.
 
      Esquecemo-nos da baixa qualidade dos serviços prestados por empresas concessionárias, as quais o poder público deveria controlar.
 
      Esquecemo-nos que as agências de controle são bastante ineficazes no serviço que deveriam prestar.
 
      Esquecemo-nos da falta de investimentos sérios na justiça, onde a sobrecarga de processos é brutal.
 
      Esquecemo-nos que falta infra-estrutura básica ao nosso país.
 
      Há! Mas nos lembramos que em 2016 teremos olimpíadas, e que em 2014 teremos a copa no Brasil. Lembramo-nos que não podemos esquecer-nos de comprar nossos abadas ou os ingressos para o carnaval, e que já devemos estar iniciando a compra parcelada de nossas passagens.
 
      Esquecemos enfim que somos humanos, mas não nos esquecemos de culpar a derrota ao Dunga, ou aos seus convocados.
 
      Perdemos a copa, mas e daí? Somos penta e em 2014 seremos HEXA.


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O futuro somos nós que o construímos em nosso eterno presente.
   Minha intenção não era sugerir nada, apenas forçar alguma reflexão desapaixonada e séria sobre o assunto. Mas o que eu sugeriria, já que perguntado, seria tão somente trabalhar, lutar, planejar, construir e revoltar-se contra uma série de coisas que ainda maculam nosso AMADO BRASIL.
 
   Assim ousaria comentar algo como:
 
   Procurar conscientemente evitar a alienação, seja esta em qualquer nível, em qualquer espaço social, mental ou psicológico.
 
   Torcer sim, Com vontade, e até mesmo com orgulho. Mas no durante as partidas. Vá lá, um pouco antes, e um pouco depois, creio que faça parte do ato de torcer. Sou brasileiro. Gosto de futebol. Por isso torço pelo meu Brasil.
 
   Manter o foco que nosso país está muito longe de ser um pais que possamos chamar de socialmente equilibrado, culturalmente preparado, cientifica e tecnologicamente avançado. Isto significa que temos muito o que fazer. Se despendêssemos, um décimo da energia física, mental e econômica, lutando pelos nossos reais direitos, SAÚDE, SEGURANÇA, EDUCAÇÃO e COORDENAÇÃO POLITICA, já teríamos avançado demais. Temos energia para gastar um dia inteiro (as vezes vários dias) se alienando de nosso universo social, mas nos escondemos, muitas vezes sob uma capa de cordeirinho, quando deveríamos nos revoltar com toda a injustiça social.
 
   Assim, começar por assumir nossa consciência, uma vez que uma mistura de sorte, competência, e berço, nos permite estar aqui trocando opiniões sérias sobre vários assuntos, de que deveríamos saber que somos responsáveis pelo que escrevemos, e pela capacidade que temos de sermos fazedores de opinião.
 
    Não devemos assertivamente catequizar o que eu entendo como errado, mas dar capacidade aos nossos semelhantes de assumirem também esta responsabilidade e, no atrito normal das opiniões aprendermos a construir opiniões cada vez mais concretas.
 
   O Brasil precisa de concretude e menos teoria. Nossos irmãos precisam de cultura e de instrução.
 
   Poderíamos participar mais das escolas, passar nossa experiencia e nossas competências a esta juventude. Isso por si só talvez já ajudasse a dar uma direção mais concreta ao nosso país, e dificultaria que as falácias e os factoides fossem tão facilmente aceitos por nossa população.
 
   Não falo só de ajuda caritativa não. Falo em fraternidade, falo em solidariedade, falo em constância, falo em compromisso, falo em trabalho sério (não que a caridade não seja séria), falo em seriedade de objetivos, em planejamento de ação, em coordenação das atividades, e na avaliação séria dos resultados. Falo em profissionalismo também na revolução humana, social e cultural para nosso país.
 
   Necessitamos de trabalho, educação, instrução, cultura. Necessitamos de melhor distribuição de renda e de oportunidades. Necessitamos de melhores infraestruturas. Somente a população, ou seja nós, é que podemos fazer a diferença.
 
   É óbvio que eu torci, é lógico que meus filhos torceram, Mas antes e depois do jogo, já estavam estudando. Eu estava trabalhando. Inclusive trabalhei durante o jogo, me dividi em ouvir o jogo, escrever, e adiantar o trabalho para minha empresa. Não estou me valorizando acima do que realmente valho. Sou fraco, medroso, omisso algumas vezes, mas aos poucos assumi a necessidade de pelo menos provocar discussões éticas e educadas, para que nos vejamos discutindo verdades assumidas e não racionalizadas.
 
   Tenho a total certeza, que muitos dos colaboradores deste maravilhoso recanto, sejam capazes de oferecer propostas dezenas de vezes melhor e mais eficazes para ajudar nosso país a crescer, aumentando quando necessário o ufanismo patriótico, e a diminuir o estado de letargia alienada que as vezes toma conta de alguns de nós.
 
Desculpem-me pelo alongamento.
   


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 02/07/2010
Reeditado em 02/07/2010
Código do texto: T2354323
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