O AMOR NÃO TEM IDADE

Não, não! Isso não vai dar certo de jeito nenhum! Ele é mais novo, ela é mais velha. Sem chance pra esse amor sobreviver. O que é isso? De onde são tiradas essas verdades? A sociedade dita regras de felicidade. Isso pode. Isso não pode. Isso dá certo, isso não dá. Todo mundo copiando um modelo pra viver. Saiu do modelo? Não vai ser feliz... Quer pagar pra ver? Então aguente! Críticas, ironias, profecias. Mil bolas de cristal prevendo as nuvens negras do futuro.

Preconceitos. São de toda ordem. E esse da idade entre o homem mais jovem e a mulher mais madura é só mais um. Não raro, vemos pessoas que pagam pra ver e são felizes. Já outras, se intimidam. Desistem antes mesmo de tentar... Perdem chances de felicidade em nome de convenções por medo ou timidez...

O que garante a duas pessoas serem felizes? O tempo? O fato de terem vindo de uma mesma época? Não necessariamente. Por isso não concordo. Porque vejo o amor de forma diferente. Um sentimento, quando verdadeiro, não enxerga aparências, mas alma, essência. O que sobra de uma pessoa tirando-lhe a essência? O invólucro puro e simples, sem valor algum. Rubem Alves, em seu texto "Um corpo com asas" , cita "Por isto que Nietzsche, disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: 'continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?'. E o que é isso senão a busca da essencialidade do ser?

Também eu, acredito no amor sendo alma. Não se pode amar apenas um corpo. O que une duas pessoas é a capacidade de entendimento. É a identificação. Os desejos afins. A comunhão das ideias. A junção dos pensamentos. Depois deste grande encontro é que o corpo fala e se complementa. Então para o amor visto assim o que é o tempo? Qual o sentido da idade? Sinceramente? Não vejo a menor relação.

Verdades absolutas e preconceitos. Frutos de uma cultura inventada. Paradigmas absurdos criados e decretados. E enquanto isso? Milhares de pessoas abrem mão de serem felizes...

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[Inspirado em “Matemática da minha vida” do Recantista Tildé. Obrigada, poeta, pela oportunidade de, a partir de sua leitura, achar palavras para meus pensamentos.]