Bocejo

Um bocejo pra que o dia ganhe sempre formas e ares de ?lugar perfeito pra idéias mirabolantes?. Não importa o tempo e a idade, há sempre espaço pra uma loucura a mais, um delírio e uma série de opções à escolha de quem simplesmente pára e pensa.

Basta uma testa franzida pra que alguém espere algo de você: Uma notícia preocupante, um comentário relevante, um saída, um convite pra entrar, quem sabe? Aquele café prometido cairia bem depois das cinco.

Ah, você sabe que, enquanto espera, alguém sempre toma sua vez no pensamento. Um ônibus que não chega, um táxi atrasado, o casaco esquecido e o frio arrepiando. Pronto: Espaço perfeito e aberto pro cachorro quente da esquina ou pro amor perdido, pras contas do mês ou pra se querer estar em qualquer outro lugar. Tanto faz quem vem primeiro agora, se o tempo é quem dita o rumo dos pensamentos e se tudo começou assim, tão sonolento.

Basta mesmo um segundo pra que o dia se resolva, ou se complique (mais), há quem diga. Foram-se embora aqueles únicos vinténs, e o mês ainda nem começou, já se ouviria, enquanto o futuro não chega. Foi-se embora alguma coisa que não se sabe até que o dia passe.

Um sorriso sem motivo e quem olha espera logo explicação. Não está tudo assim tão fácil, que se pode rir sem motivo? E quem foi que disse que pra rir precisa de motivo, ou ainda que existe algum que seja bem melhor que poder rir?

Ah, que esquisitice explicar! Donde vem mesmo essa idéia de que pra tudo tem lugar? Fixo não, mudar faz bem sempre, das poltronas à velhos conceitos ultrapassados. E tudo ganha aqueles ares lá de cima, o das idéias mirabolantes, e dos pensamentos cheios.

Assim como se começa o dia com bocejos, e sem grandes novidades, vale arriscar por um segundo cara e coragem, pra talvez as idéias ganharem formas e os ares arrebatem.

O que parecerá mais empolgante que aceitar esse convite?

Perdoe o devaneio, foi apenas um bocejo.

Tiago Alves
Enviado por Tiago Alves em 09/09/2006
Reeditado em 11/09/2006
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