Minhas importâncias

Muito tive que aprender e apreender nestes dias em que o destino preferiu trabalhar sozinho. Foram e ainda são dias de sofrimento, confesso. E como são longos estes dias, semanas, meses. Horas e horas intermináveis pensando, reavaliando, rememorando, planejando, conhecendo, reconhecendo, vivendo, morrendo, ressuscitando, matando, compreendendo, aceitando, sucumbindo, sobrevivendo.

Nesta, digamos, atividade mental, fiz algumas descobertas interessantes. Perdi e ao mesmo tempo ganhei tanto, que passei a questionar o que é importante. O que importa pra mim pode não importar para o resto dos outros. E vice-versa.

Têm muita importância pra mim a minha paz interior, minha casa, meu filho, meu amor, família, bichos, plantas, saúde, ser transparente, amigos, trabalho, livros, ser franca, meu computador, satisfação pessoal e profissional, sexo com amor, ser sincera, sapato confortável, dormir bem, honestidade, a lua, beijo na boca, cantar, a água do mundo, a saúde do mundo, a educação do mundo, a cultura do mundo, fim de semana, banho de mar, um dia de sol, um dia de frio, gozar, fazer o que gosto, ter o direito de dar importância ao que considero importante.

Conheço gente que ainda dá importância a comentários de vizinhos, virgindade, casamento pra vida toda, mesmo que infeliz, carro do ano, aparências, mesmo que sem dinheiro, vida dos outros, sexo dos outros, satisfações a dar, mesmo que para desconhecidos. Com todo o direito.

Ainda não me sinto velha, nem deveria. Mas a idade e estes dias que o destino tomou em suas mãos foram cruciais. Um excelente aprendizado, por certo. Bom descobrir que posso simplesmente sentir, sem ter que pensar; fazer, sem me obrigar; não fazer, sem me culpar; virar as costas, sem medo; amar sem reservas e sem vergonha; me importar com tudo isso; ou nada disso.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 10/09/2006
Código do texto: T236577
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