OLÉ! OLÉ! DIZ O TOURO AO TOUREIRO

O belo estádio de Moses Mabhida, em Durban, foi o cenário de uma das semi-finais da Copa do Mundo da Africa do Sul, disputada entre duas das grandes potências do futebol europeu e mundial, a Alemanha e a Espanha. Na arena, privilegiados 61 mil torcedores foram testemunhas oculares da tão badalada partida, entre os quais, se fez presente até mesmo o sangue azul de “La Reina Sofía de España”. Menos privilegiados, mas não menos reais, outros bilhões de telespectadores súditos do bom futebol e espalhados pelos 5 continentes, também testemunharam a lição tão popular quanto óbvia, que com sapiência helênica vaticina: “Quem teme perder, já está vencido”. E para saber disso nem é preciso filosofar em alemão. Filosofia de beira de mesa de bar de qualquer país do mundo, também serve.

Como acontece nas famosas arenas da Espanha, por vezes, de olé em olé, é o toureiro quem sai sangrando e acabrunhado do palco, onde o touro, para o espanto da multidão, resta furioso e ofegante, mas vitorioso. Como todos sabem, a melhor defesa é o ataque, e foi com essa filosofia que a seleção alemã encantou o mundo aplicando nas arenas da África, goleadas memoráveis em rivais do poderio de uma Argentina e de uma Inglaterra, mas os meninos de Joaquim, se apequenaram diante dos comandados del Bosque, quando obedientes, passaram a rezar de joelhos na nova cartilha imposta pelo medroso Löew. As lições desta nova cartilha, forjaram uma Alemanha débil, vacilante e inofensiva, que no máximo conseguia erguer seu pano vermelho, desbotado, para atiçar a fúria do touro espanhol. O mortal florete alemão de quatro pontas? Ninguém sabe, ninguém viu!

Com a estratégia equivocada quedou-se a Alemanha numa partida sonolenta, evitada, quando finalmente, aos 73 minutos do segundo tempo, foi ferida de morte pela chifrada certeira e impetuosa do mais valente, do mais aguerrido e obstinado jogador em campo. Puyol, “el toro” que empunhou a bandeira da vitória com a fúria de um touro ensandecido pelo desejo de continuar vivo na última arena do mundial. De um salto, voou por sobre os Adamastores alemães e cravou na história o gol que poderá levar-lhe à glória definitiva frente à Holanda, na grande final. Sem trocadilhos, o lance chave da partida saiu dos pés do meio-campista Xavi, que do córner, mandou a Jabulani na cabeça do ariete “rojo”. A bola, golpeada com força minotáurica, vazou o já amarelo goleiro alemão, que nada pode fazer. A Alemanha bem que tentou retomar as antigas lições e acordar do pesadelo revivido, mas já era tarde, o sonho das quatro estrelas foi ficando distante, distante, até que o apito soou e pôs um definitivo fim ao conto de fadas alemão.

Marcos Cavalcanti
Enviado por Marcos Cavalcanti em 08/07/2010
Reeditado em 13/07/2010
Código do texto: T2365850
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