Considerações Sobre a Merda.

Já dizia o provérbio: santo de casa não faz milagres.

É miraculoso o quanto este provérbio é verídico!

O que ocorre é que os de “casa” de algum modo não querem, ou não esperam, ou não desejam, ou sei lá o que, que o dito “santo” faça seus milagres. Talvez por ser um deles não creditem em suas possibilidades supra-sensoriais.

Saiu pelas ruelas imundas do mundo vazio à procura...

Saiu sem saber por que, quase que um autômato, um zumbi, um sonâmbulo..., à procura..., com uma pasta colando-o à sua vestimenta, bem nas proximidades do rabo.

Tudo se deu quando acordou no meio da madrugada, quase no alvorecer...

Não queria dormir, com medo de nunca mais acordar... O pensamento das injustiças do mundo e da ingratidão dos homens não lhe saia da cabeça há alguns dias...

Não sabia porque, eis que nunca dera a mínima para injustiças sociais e seus malditos homens...

Acocorou-se no vaso sanitário à espera da merda que se despregaria de seu âmago. Demorou, mas o excremento insólito fora evacuado com êxito. Algo horroroso. Quase que um monstro, um alien, soltando-se de dentro teu ser...

Como pudera, como se formara aquilo ali dentro de si? Era preto, pegajoso e fedorento, incompatível com sua vida exterior, limpa e cristalina.

Para o negror tinha uma resposta: as duas garrafas de vinho tinto que ingerira nervosamente na noite anterior. No mais, fedor e horror, não tinha explicações plausíveis.

A bosta, que bolo ilógico!

Estonteado com o bafor que escapara-se de dentro de si, jungido à merda, caiu em si e ficou abestalhado: como que, em toda a sua vida, jamais meditara sobre os horrores advindos de dentro de si mesmo, como fezes e demais escórias.

Existem alguns animais que comem as próprias merdas. Algumas mães lambem as fezes de seus filhotes no intento de higienizá-los. Existem crianças que realmente se refestelam em suas próprias bostas, lambuzando-se todas. Existem guerras de merdas entre as populações ribeirinhas do vale do Paraíba, numa tradicional comemoração do dia da merda. E por aí vai...

A merda é um substantivo feminino, que quer dizer matérias fecais. Muitas delas, as mais consistentes, servem até para a construção de pontes e viadutos, muito utilizadas nas obras superfaturadas dos (des) governos da década de oitenta nos países da América central e do sul.

Algumas pessoas invocam a merda! quando algo não está dando certo. Outras são mesmo chamadas de merda.

A merda pode ser bosta, coco, fezes, excremento, obra do capeta e diversas outras que não se recordava naquele memento de intensa transmutação.

Muitos gênios foram geniais enquanto soltavam suas respectivas latrinas abaixo. A história não deixa mentir.

Quando se está enrascado é preciso sair desta merda!

Quando a vida não está boa diz-se que é uma merda!

Quando se faz algo errado diz-se que se fez uma cagada!

A merda é muito usada no linguajar hodierno.

Que merda!

Cristiano Covas, 30.06.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/07/2010
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