Amores Secretos.

Nunca despertei grandes paixões, pelo menos que o saiba. Dos ditos “belos” da turma, na época de escola, eu me situava entre quarto e quinto lugares. Apesar de dentro de mim acreditar ser o primeiro.

Pode ter acontecido de alguma garota ter se apaixonado por mim, aqueles amores platônicos secretos, sem que eu tenha tido a oportunidade de saber. É bem provável que isso aconteceu. Recordo-me vagamente de certos olhares matreiros a me espreitar pelo “rabo do olho”. Se é que olho tem rabo. Mas nunca dei muita atenção para isso. Estava interessado nos meus amores secretos. E tive muitos. Alguns até imaginários.

Era um sofrimento sem fim, o fato de não ser correspondido nem ao menos notado. Às vezes, imagino eu, algumas até me notaram e se interessaram, aguardando apenas minha iniciativa. Mas minha timidez, ou algo superior, não me permitia a tanto. Havia um limite de aproximação para cultuar o ser apreciado. Senão perderia a graça.

Jamais obtive resultado em minhas investidas secretas e à distância. Também, quisera eu que as garotas adivinhassem. Eram tão sonsinhas!

Todos meus relacionamentos, com algumas exceções, tipo algumas “ficâncias” ou coisas de menor complexidade, se deram entre fêmeas que a princípio me desejaram, que tomaram a iniciativa na jogada. E posso dizer que quase todas foram “boas”e cheirosas. Afinal, exceções sempre existem, e estados de embriaguez também.

Curioso o comportamento das pessoas que se apaixonam à distância. Às vezes passam a vida inteira sem jamais se aproximar do ser amado. Relatos indicam que a maioria dos corajosos que romperam o silencia, entregando seu amor, se casaram e se divorciaram em pouco tempo. Para isso, há o ditado: quando um não quer, dois não fazem.

A psicologia joga como sendo personalidades retraídas, tímidas e com auto-estima em baixa. A filosofia diz tratar-se de uma apreciação da beleza. A medicina alega tratar-se de uma psicopatia a ser tratada. O direito diz que o indivíduo encontra propensão à prática delituosa. A polícia, que é um maníaco sexual e a religião diz que o sujeito precisa se confessar e entregar sua vida a Deus. Um louco diria que nada vem do nada e que tudo volta ao nada, e que o que está dentro é o mesmo que o que está fora, e que o que está em cima é o mesmo que o que está embaixo..., e assim segue a discussão sobre o tema, que não deve gerar muito interesse porque logo as pessoas em sua maioria de alguma forma se casam, e tudo ao final não passa de um sonho tranqüilo.

Cristiano Covas, num dia qualquer, 30.11.07.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/07/2010
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