APRESENTE-SE, QUEM FOR HONESTO

As eleições estão aí. Dentro de poucos dias vamos escolher os candidatos para assembléias legislativas, câmara e senado federal, governador de estado e presidente da república.

Pelo que tenho observado e sentido eu próprio, jamais houve um período pré-eleitoral tão frio e indiferente em relação às expectativas da população. Certamente é um dos motivos da insistente campanha, pelos instrumentos da mídia, pela não anulação do voto, defendida pelo Tribunal Eleitoral.

Na verdade, o clima de indiferença é exatamente o reflexo, no seio do povo, das informações relativas aos mais diversos tipos de corrupção que vêm acontecendo nos poderes constituidos, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Até parece que, de repente, grande parte dos políticos resolveu criar uma forma de enriquecimento ilícito, às custas do erário.

Para tais indivíduos não bastam as ajudas recebidas em campanha, legais e ilegais. Não são suficientes os proventos recobertos de enxertos criativos que recebem mensalmente, por quase ou nenhum trabalho em troca. Não bastam os muitos dias do ano em que não comparecem ao local de trabalho, sem nenhum prejuízo em seus rendimentos.

Não parecem muito inteligentes ou criativos no exercício do cargo em que foram eleitos. Ao contrário, demonstram um grande poder de criatividade para encontrar meios de furtar parte do dinheiro oriundo dos impostos (e que impostos) pagos pelo povo. Sim, porque, em última análise, quem paga todos os impostos e sustenta o país é o povo, considerando que os impostos pagos pelas empresas acabam recaindo no bolso do cidadão, via preço do que compra e consome.

Há algum tempo nós, eleitores, procurávamos escolher nosso candidato avaliando sua competência, sua ideologia, sua biografia, suas propostas. Honestidade não era um valor a ser cogitado. Afinal, ser honesto é uma obrigação de qualquer cidadão digno. Quanto mais para quem se oferece para exercer um cargo público.

Pois bem. Hoje, a primeira coisa que nos preocupa é saber se o candidato é honesto. Essa qualificação tornou-se rara no meio político. Quantas vezes fomos traidos, ao julgar um candidato honesto? A decepção é tamanha que nos leva ao desânimo e à dúvida, na hora da escolha.

Assim, resta aos (parafraseando um ex-presidente) brasileiros e brasileiras fazer a seguinte chamada geral: APRESENTE-SE, QUEM FOR HONESTO.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 11/09/2006
Reeditado em 17/11/2008
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