Anos dourados

Esther Ribeiro Gomes

Anos sessenta e setenta, quanta saudade...

Anos rebeldes de uma juventude engajada na luta contra a ditadura,

à qual pertenci com muito orgulho!

Juventude idealista que lutava por um mundo melhor e pela democracia, hoje manchada pela corrupção e impunidade de políticos desonestos que se locupletam com dinheiro do povo.

Entretanto, nada foi em vão, porque conquistamos a liberdade de idéias e o direito ao voto que se for consciente, é nossa maior arma contra os políticos corruptos.

Tive também o privilégio de pertencer a uma geração de gênios da música popular brasileira que encantou o mundo inteiro!

Tom Jobim, Vinicius de Morais, Toquinho, João Gilberto, Nara Leão, Elis Regina, Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Bethânia,

entre tantos outros talentos e a fantástica Jovem Guarda cujo ícone maior, Roberto Carlos, nos encanta até hoje!

Embora ainda existam grandes talentos em nossa música, sinto tristeza diante do empobrecimento musical que invade a mídia com músicas (?) de baixa qualidade, como por exemplo ‘Eguinha Pocotó’, de linguagem chula e letras vulgares, além de outras que chamam as mulheres de ‘suas cachorras’ e outros adjetivos constrangedores.

Hoje posso, orgulhosa, contar aos meus netos sobre aquela época maravilhosa dos grandes festivais da canção brasileira que exibiam músicas de alta qualidade e bom gosto.

Pobres das próximas gerações que não terão esse imenso orgulho que sinto... O que contarão aos seus netos?

Dirão que em sua época havia músicas de péssima qualidade, funks agressivos e pejorativos?

Músicas barulhentas com sons estridentes que em vez de relaxar e nos encantar, só conseguem irritar? Será que isso é música?!

Quantas saudades eu tenho dos bailes com grandes orquestras ao vivo, ao som de músicas inesquecíveis como as de Ray Conniff e outros imortais, onde se dançava agarradinho...

Onde foi parar o ‘glamour’ daquela época dos Anos Dourados?

Aos que me chamarem de saudosista, tenho a dizer em minha defesa:

As coisas boas são eternas e permanecem para sempre em nossa memória!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 19/07/2010
Reeditado em 19/07/2010
Código do texto: T2387361