Simples historinha.

Longa mas ainda sem final...

Tudo começou a muitas décadas passadas...

Havia a muito tempo atrás, um casal de namorados, ainda jovens, numa época em que o namoro se reduzia a suspiros disfarçados e olhares apaixonados, juntamente com os parentes sentados na sala participando do namoro.Tudo dentro do maior respeito e seriedade.Conversas amenas, mais pensamentos que palavras...

Ela uma moça morena clara, filha de mãe morena não muito clara e de pai nordestino descendente de portugueses.

Ele filho de mãe morena e pai italiano loiro.

A senhorinha como toda moça daquela época era muito prendada, fazia maravilhosos trabalhos manuais e estudava.

Porém havia um pequeno probleminha, ela nunca gostou de ser morena, pois morava no Sul onde a grande maioria é loira. O fato de ser simpática e ter corpo bem feito não a satisfazia de todo. Talvez para equilibrar essa frustração, tentando se valorizar contava uma “mentirinha” inocente, dizia a todos que seu pai era Diretor dos Correios e Telégrafos, um homem importante!

Na verdade ele ocupava um bom cargo nos Correios, o que lhe permitia proporcionar uma vida de conforto à família, mas sem luxos.

O rapaz por sua vez tinha uma família muito humilde, o que não o impedia de se vestir muito bem, bonito e de belo porte ingressou no exercito e depois na Força Aérea Brasileira. Bastante inteligente em breve se destacou dos demais. Bem falante e simpático, cantador de serestas, vivia rodeado de amigos.

Certa ocasião estava acompanhado de amigos quando se encontrou com o pai que estava saindo do trabalho. Envergonhado do pai que era pintor de paredes o moço o ignorou, fingiu que não o viu porque este estava com as roupas sujas de tinta exemplificando sua profissão humilde. O pai percebendo a situação não esboçou nenhuma reação apenas abaixou a cabeça e seguiu seu caminho...

Muito magoado com a atitude do filho, ao chegar à casa da filha com quem morava após a morte da esposa, chorando descreveu o incidente.

Nunca mais ninguém tocou no assunto. Nem pai, nem filho.

Por esses milagres inexplicáveis, não se sabe como, surgiu uma “terrível” suspeita!

A cunhada, irmã do namorado, que já não simpatizava muito com a moça, suspeitava que a donzela não fosse mais tão donzela assim, pois acreditava que ela tinha ficado grávida, como já não fazia gosto no casamento do irmão, ficou alerta!

O casamento foi marcado com certa urgência.

O rapaz mesmo a amando a namorada, não estava preparado para o casamento, mas mesmo assim se casou, não tinha como fugir ao compromisso.

Menos de nove meses depois nasceu um menino moreninho saudável e bonito, todos os conhecidos, parentes e agregados fizeram as contas dos meses entre o casamento e o nascimento do bebê, restaram pouca duvidas, mas todas guardadinhas pelo silêncio. Era costume agir assim naquela época, as línguas ferinas se deliciavam com os escândalos.

Muito bem, nasceu o rapazinho, normal, nem magro nem gordo, mas chegado antes da hora...

Muito bem vindo e querido, principalmente pelos tios por parte de pai, honrosamente convidados foram os padrinhos de batismo, ambos orgulhosos da missão, pois amavam realmente a criança, dando muito carinho e atenção, esse amor perdurou até a morte de ambos muitos anos mais tarde, a criança “afilhado” e sobrinho substituiu o filho que o casal nunca teve.

Quando a criança estava com um aninho e pouco, aconteceu uma tragédia que abalou a todos pelo inesperado.

O avô paterno (o pintor)que vivia na casa da filha, um dia se debruçou na banheira e cortou as veias dos dois braços na altura do cotovelo, e nesta posição morreu se esvaindo em sangue, quando o encontraram já estava morto a algumas horas.Nunca se comentou o motivo ou talvez nem mesmo soubessem , o que o levou ao ato tresloucado,mas por certo ele tinha alguma razão. Silêncio total...

O menino foi crescendo sempre muito bem vestido com roupas feitas pela mãe e tias eximias costureiras. Um bonequinho bem vestido, mas como ele mesmo dizia, carente, sem conhecer o que era carinho, nunca tinha recebido um beijo da mãe, um agrado e nem mesmo um afago dos pais. Os cuidados com a aparência eram um ponto de honra e motivo para fotos exibidas com orgulho.

A ausência de um abraço ou beijo carinhoso inegavelmente lhe fez muita falta.

É sabido que todos nós temos alguma dificuldade trazida da infância, uns mais outros menos, mais ou menos problemáticos...

Pior são os traumas supostamente graves que os pais trazem consigo. Transmitidos aos filhos criam neles dificuldades para uma vida inteira, e os inocentes sofrem as conseqüências sujeitos a ter pontos fracos, estarão para sempre sujeitos a agressões. No caso do menino era a cor da pele.

Existia um tio irmão da mãe deles, que atuava como um ser maligno, branco de olhos azuis, mas com traços de mestiço, sabedor da circunstância, torturava os dois sobrinhos, e ao mesmo tempo a mãe deles.

Durante a refeição com a família toda reunida, chamava a atenção das crianças para qualquer objeto de cor preta. Apontava para eles e para o objeto, se divertia ao ver as crianças constrangidas e ridicularizadas perante os demais. Um deplorável sádico, que causava mal estar a todos, mas mesmo assim continuava com as brincadeiras como um demente. Novamente silêncio, ninguém ousava parar com essa maldade.

A mãe não permitia que o menino se expusesse ao sol para não ficar mais moreno. Era uma tragédia!No caso dele se bronzear um pouco ela o submetia a uma mistura de álcool ou cachaça misturada com polvilho que eles chamavam de goma, friccionava no corpo todo na tentativa de clarear a pele. Esta atitude materna lhe causou um verdadeiro trauma e o acompanhou na vida adulta, o medo de ficar mais moreno o impedia até mesmo de freqüentar lugares ao ar livre, sempre fugindo do sol. O irmão bem mais claro também era submetido ao mesmo tratamento, porém tinha reação contrária, não se importava com os raios do sol e se divertia sem se importar com a cor.

O pai homem bem apessoado e simpático com todos, um verdadeiro cavalheiro. Como pai era muito rígido exigia obediência cega, muitas vezes chegando mesmo a agressão física.

Dono de excelente dom artístico, sem abandonar a farda, se tornou cantor, tocava violão, participava de programas de radio com algum sucesso cantando serestas, chegou mesmo a ser conhecido no meio musical. Entretanto se envolveu com uma cantora famosa na época, vinda do Rio de Janeiro. Descoberto o que se chamava de “flerte” para não usar palavras mais ousadas, precisou encerrar a carreira promissora se afastando da emissora, escolheu permanecer com a família depois de uma batalha ferrenha.

Mas voltemos à história do menino.

O menino como a maioria das crianças às vezes não tinha apetite, mas ele era obrigado a comer, o cinto do pai pendurado no encosto da cadeira ou sobre a mesa não deixava duvidas sobre a ameaça, amedrontado ele comia. (mais tarde quis usar o mesmo método com os próprios filhos, foi impedido pela mãe das crianças)a autoridade paterna chegava às raias da crueldade. A mãe se calava e apoiava o marido...

Na escola o desempenho da criança não passava do “sofrível”(avaliação antiga), pois é difícil uma criança preferir estudar a brincar, com ele não foi diferente.

Essa falha escolar foi prontamente corrigida.

O pai resolveu então fazer uma lista de atividades hora por hora a serem executadas diariamente sem falhas, supervisionada pela mãe, tarefas não cumpridas resultariam em penalidades como perda de passeios e divertimentos. Deixava mais ou menos duas horas distribuídas durante o dia para brincar, e uma hora vaga para ajudar a mãe no que ela necessitasse, as outras horas eram distribuídas em estudo, banho, refeições etc.. Finalmente horário de dormir. O despertar como dizia o pai, a “alvorada” era às 7 da manhã.

Coitado do “robozinho”, ai dele se ousasse desobedecer. .

A infância do menino é claro não se reduziu só a tristezas, teve seus momentos felizes, ganhou uma linda bicicleta, fato que ficou extremamente marcado, e outros brinquedos que desejava. Os passeios de bicicleta eram sempre acompanhado com um tio muito ligado a ele, se gostavam bastante, como o tio dizia faziam longas e felizes “jornadas” que ficaram para sempre gravadas em sua memória.

Quando o pai pegava o violão para cantar, o menino tendo uma voz ótima o acompanhava todo contente. Foi então que surgiu uma oportunidade que o deixou muito feliz, começou a cantar no radio também, em programas infantis, teve muito sucesso chegando mesmo a vencer um concurso patrocinado pela radio no Teatro Municipal de São Paulo. Cantou uma musica que falava sobre certo Pierrot, musica muito difícil para uma criança pelos tons muito altos, mas ele maravilhou a todos com sua atuação perfeita. Foi um verdadeiro sucesso.

Diante da alegria da descoberta e do sucesso obtido, o pai adquiriu um gravador de disco entre os primeiros que foram lançados, os discos de cera eram pesadíssimos e neles em mesmo em casa gravou a voz de cada um da família inclusive da esposa cantando acompanhados por ele ao violão. Seu irmão mais novo com 5 aninhos apenas, mas também afinadíssimo, com voz clara participou cantando um bolero chamado Maria Laô, era engraçado ouvir um quase bebê cantar bolero falando em decepção amorosa. Outras formas de arte ali estavam gravadas também, poemas declamados com perfeição por uma tia muito querida, brincadeiras e risadas de gente feliz. O pai sempre cantando chão de estrelas.

Esses momentos tão felizes foram vilipendiados por mãos imundas, porque não dizer, quase assassinas, pois matou sem piedade, aniquilando a felicidade, o contentamento gravado naquele distante momento. Destruir algo irrecuperável de outrem, consciente ou não é imperdoável.

A família feliz unida naquele momento, gravada naquele pequeno disco, jamais poderia conceber que toda essa felicidade e lembranças vividas se perderiam indo parar no lixo, apagando para sempre suas memórias ignorando solene e maldosamente o que por direto de afeto e historia pertenceriam a seus descendentes.

Assim o rapaz foi crescendo, ora dando alegrias, ora fazendo algumas asneiras normais na juventude que causaram desgostos aos pais. A flagrante preferência da mãe pelo caçula, que o menino supunha,causou o afastamento dos irmãos, a inveja era fomentada, a competição entre ambos acabou afastando definitivamente qualquer sensação de fraternidade e amor. Na vida adulta foi mais agravada por ter o irmão mais novo cursado faculdade e ele apenas curso técnico. O pai inteligente e sempre muito capaz competia com os filhos em sucesso e conhecimento, chegando até mesmo a via de fatos. Por um resquício de respeito os filhos aceitavam suas bravatas, sempre mal digeridas, com auto estima abalada...

O pai sempre muito vaidoso e conquistador morreu sem jamais aceitar a velhice. Uma família emocionalmente separada e um tanto esquisita!

A moça freqüentou o melhor colégio francês da cidade, estudava inglês, balé e piano. Gostava apenas da dança e assim continuou sempre. Filha única, primeira sobrinha, primeira neta, querida por toda a família, mas sem as regalias normais de filha única. Dentro dos padrões morais teve educação rígida. Terrivelmente inquieta buscava a liberdade fugindo de casa. Deu muito trabalho a mãe principalmente, levou dela boas surras. Gostava de brincar com meninos, nunca gostou de bonecas e panelinhas.

Nos estudos não passava da media normal!

Se tornou uma bonita moça, admirada por todos, era uma adolescente feliz. Um tio irmão de sua mãe e bem mais velho, era seu grande amigo e companheiro, desempenhava com carinho papel de guarda- costas, a acompanhando sempre onde quer que fosse.

O pai um homem quase sem instrução, mas sábio por natureza, conversava muito com ela, certas frases ditas por ele ficaram para sempre gravadas em sua memória. Uma delas que talvez seja a principal dizia: “Mentir é o pior mal que pode acontecer a alguém, é próprio de gente sem caráter e sem amor-próprio, e mentir para si mesmo é o maior castigo, a mentira te prende para sempre, acaba com a sua liberdade.”Essas palavras a seguiram pela vida afora, esquecidas apenas quando o amor falou mais alto.

Na adolescência ele conheceu a menina, ambos muito jovens iniciaram namoro, ele pediu ao pai dela se podia namorá-la, o pai achou interessante aquele pedido e concordou. Pouco tempo depois ele se mudou de cidade, o galanteio continuou através de cartas apaixonadas, com raras visitas dele a cidade onde ela morava.

Quando ele se envolveu com outra pessoa de vida livre, mais velha, bem diferente da sua namorada, o namoro com a jovem esfriou por algum tempo.

Ela por sua vez teve outro namorado, um rapaz muito distinto, bonito e de boa família. Mas o namoro durou pouco.

O moço quando se viu na iminência de perder a namorada o ciúme despertou nele o sentimento de perda.

Como já tinha findado o outro caso amoroso, procurou a namoradinha novamente.

Reataram o namoro, como se dizia na época agora era namoro “firme”.

Entre namoro e noivado se passaram cinco anos.

Ele mesmo noivo continuava se envolvendo com outras moças, ela soube tempos depois.

Neste ponto do noivado se a namorada tivesse um pouquinho que fosse de experiência não devia ter deixado o relacionamento prosseguir, mas o amor e a ingenuidade fazem coisas... Ela apaixonadíssima só tinha olhos para ele...

No dia do casamento civil por muito pouco o romance não encerrou ali mesmo, durante a festa de comemoração tiveram uma discussão. Ela queria abrir uma garrafa de champanhe e ele não permitiu, acabou ele mesmo abrindo a tal garrafa. Ele se retirou mais tarde, não se despediram, nem com um educado boa noite. Ela decidiu não casar no religioso no dia seguinte, acabando assim com o “futuro” casamento. Ele no dia seguinte depois de refletir, enviou lindos cravos com pedido de desculpas pelo acontecido. Ela é claro desculpou, e se realizou um lindo casamento!

Daqui em diante vou apenas dar flashes dos acontecimentos conforme me foi narrado.

Durante um bom tempo foram felizes, ele estudando e ela dona de casa.

Oito meses depois a primeira gravidez mal sucedida. Decepção e tristeza.

Nasceu o primeiro filho, um menino. Felicidade!

Novo e desejado emprego para ele.

Mudança de cidade. Expectativa.

Começaram os problemas financeiros.

Segunda gravidez frustrada. Tristeza

Problemas financeiros e de relacionamento

Infidelidade dele.

Terceira gravidez problemática física e emocionalmente pela decepção e mágoa.

Nasceu o segundo filho, uma menina. Felicidade!

Persistiram os mesmos problemas anteriores.

Ela cogitando separação, mas ainda com esperança de modificar a situação.

Duas mudanças de cidades, período de calmaria.

Nasceu o terceiro filho, outro menino. Felicidade!

Mudança mais uma vez, ainda tranqüilidade no casamento.

Mudança... Período de lutas para consolidar patrimônio, ele continuando a trair e se assumindo infiel.

Mais uma mudança, para a felicidade, nasceu o neto muito amado.

Outra malfadada mudança com a ida para uma cidade onde morreu o pai e a mãe dela, o pai a mãe o irmão e a cunhada dele.

Ele se dedicando com muito amor ao sogro doente.

Ela eternamente agradecida pela dedicação dele dedicada a seu pai.

Restaram os sobrinhos órfãos e mocinhos, ignorados física e afetivamente.

Problemas constantes e graves de relacionamento.

Nova proposta de emprego e nova mudança.

Tempo de felicidade, nova casa, novo começo, novo romance, novo companheirismo, nova lua de mel.

Tempo de tranqüilidade e reencontro.

Período breve de alegria, novamente infidelidade, negada, mas comprovada.

Volta para a cidade das tristezas.

Infidelidade dele dissimulada, mas claramente percebida por ela.

Desrespeito de ambas as partes, ele infiel e ela agressiva e determinada a desmascará-lo.

Raiva e frustração dificilmente contidas.

Reiniciaram problemas financeiros e emocionais.

Saídas furtivas dele, seguidos a distância por ela

Silêncio da parte dela!

Religiosidade dele usada como álibi para proporcionar encontros.

Desavenças dele com os filhos.

Determinação dela por separação definitiva.

Filho caçula em desacordo com a separação dos pais.

Finalmente a verdadeira tragédia a morte do terceiro filho, o caçula.

Apoio mutuo entre o casal unidos pelo terrível sofrimento da perda do filho amado..

Prolongamento da infidelidade, Ano Novo, a gota d’água. Meia noite telefonema oculto para a “amiga”.

Ele continuando a levar vida dupla se julgando seguro.

Ela calada sabendo da infidelidade, aguardando o momento exato.

Desavença com sobrinhos sobre herança.

Filhos indiferentes quanto a separação.

Fim do casamento.

Ela recebendo cartas anônimas com ameaças de morte, as levou ao conhecimento da lei por orientação do advogado de ambos. Conclusão: Autor desconhecido...

Finalmente a liberdade para ambos.

Ela recuperando o antigo amor e respeito próprio, e a firmeza de caráter ensinado pelo pai.

Ele livre, à vontade sem precisar de subterfúgios para “namorar”, mentindo sempre sobre a época do inicio do “romance! Que bobagem!

Não seria justo deixar de ressaltar muitos momentos felizes que desfrutaram juntos e com a família, como viagens, belos passeios, datas comemorativas, acontecimentos felizes e trágicos. Enfim um baú repleto de boas e más recordações, passagens preciosas que apenas as famílias podem possuir.

Ninguém possui apenas tristezas na vida!

Infelizmente com facilidade jogam esse valioso baú no lixo, muitas vezes o trocam por falsas ilusões, por relacionamentos doentios.

Este foi o final até agora.

Ele não era nenhum santo, mas ela também não era a bondade personificada.

Nem príncipe nem Cinderela, apenas humanos!

Podemos julgar ou apenas constatar os erros?

Dando palpites...

O homem com esse perfil só poderia mesmo por fim a qualquer casamento por mais satisfatório que pudesse ter sido. Alguns quando já tem uma “eleita” de ante mão, quase sempre a causadora do fim do casamento, partem imediatamente para o novo relacionamento buscando refazer uma família, está claro que será uma família de faz de conta, mas é melhor que nada, se isto o satisfaz... Parabéns. Alardeiam aos quatro cantos sua felicidade(?), sentem necessidade de demonstrar a todos sua nova aquisição.

Volúvel, desleal e inconseqüente, irremediavelmente este homem atrai uma cara-metade (metade da cara) pela semelhança de caráter, ou falta dele, irresponsável, fútil e dominadora. Outros ao se verem livres, não sabem como usufruir da liberdade, e se atiram de cabeça em aventuras como um adolescente deslumbrado. Acabam se dando mal e tristes.

A mulher ingênua e burramente tentando salvar a união fracassada não merece consideração.

Ninguém sai impune de um casamento desfeito, sem duvida sai ferida, mas com certeza fica muito mais seletiva em relação a futuros amores. O sofrimento faz a pessoa crescer quando o caráter é forte sustentado pela formação recebida. É uma arte saber como lidar com o que resta das ilusões.

Se ela não esperar um pouco e se comprometer logo com alguém, antes de fazer uma analise consciente da sua vida passada e atual, como se diz “dar um tempo” para si própria, usufruir da atual liberdade, provalvemente vai errar mais uma vez, e só vai colecionar decepções.

Diferente do homem na maioria das vezes ela preserva a família de seus romances, a grande maioria priorizam o amor dos filhos. Para muitas apenas o amor da família preenche sua vida, vivem felizes usufruindo da liberdade, elas se bastam!Outras sentem necessidade de “amor”, por certo devem procurar alguém que compartilhe sua vida, mas sem ser a outra metade, ninguém é metade de ninguém, ela necessita de um homem por inteiro assim como ela é, uma mulher inteira também.

Não é fácil, mas é perfeitamente possível.

Ela, mulher madura e vivida, hoje encontra companheirismo e amor num homem, nas amigas e principalmente na família. Não aceita mentiras sejam elas quais forem, reage vigorosamente contra o que a desgosta e é profundamente sincera.

Um tanto retrograda ainda conserva certa rigidez moral.

Apóia, tem apoio e carinho de todos. Ainda lembra os tempos vividos, os alegres e os tristes, com saudades, mas sem o desejo de revivê-los. Considera a liberdade o maior bem que conseguiu adquirir. Procura manter o espírito jovem, aceita com tranqüilidade as marcas do tempo. Somente se arrepende de não ter mudado sua vida a mais tempo, tomado atitudes diante dos problemas surgidos, teria sofrido menos,mas o livre arbítrio é algo difícil de ser usado e entendido.

O menino já na terceira idade, a exemplo do pai, também luta contra a idade, utiliza todos meios possíveis para “maquiar” a velhice. Dá valor extremo a futilidades como festas, passeios, roupas, carros e tudo mais que o dinheiro pode comprar.

É perfeitamente compreensível, funciona como uma compensação por ter que se contentar de forma inconsciente com uma família de “faz de conta”!

O distanciamento da verdadeira família é causado por não ter domínio e nem poder para obrigar a todos a aceitaram sua opção. Não entende o que significa opção, porém está implícito no significado da palavra, é o direito de fazer escolha! Só não entende quem não quer!

Nem adianta vir dizer que foi o destino!

Prepotente não aceita que sua trajetória de vida foi quem determinou a sua atual situação, feliz ou infelizmente!

Ele deveria preservar e guardar bem guardado o tesouro insubstituível que é uma família, mesmo nos desencontros, antes de jogar fora um baú cheio de maravilhosas lembranças e sentimentos.

Mas ele não mudaria jamais...

Dizem que finalmente o menino está feliz, tem sucesso, dinheiro, “amor”, “ama”, tem fama e tudo mais que deslumbra uma pessoa, porem ao mesmo tempo envolve sua mente numa densa bruma. Confunde a realidade com fantasias. Busca alivio na fé recitando orações mecanicamente como se fosse uma cantilena sem sentido e emoção.

Tanta felicidade está no contraponto que se vê na necessidade quase física de se vangloriar de seus feitos, de falar compulsivamente.

Não se entende porque falta no olhar do menino- ancião a centelha da alegria e da esperança, um olhar visivelmente apagado de desencanto num semblante triste e sem vida?

Assim também não se entende porque o sorriso dela tem uma sombra de tristeza até mesmo nos momentos muito felizes?

M.H.P.M.

Helena Terrível.