DE VOLTA AO BUZU

Gente, voltei ao “buzu” – o nosso detestado coletivo. Na verdade fui obrigado a isso. Por conta de uma labirintite não pude mais renovar a minha carta de habilitação. Guiar algum veículo, até bicicleta, nem pensar. A labirintite há mais de um ano, parece incurável. Já troquei de remédio – foram vários – e de médico e nada tem adiantado.

... Mas como eu dizia: voltei a andar de”buzu”. E depois de vinte anos! Pegar táxi ou arrumar motorista particular, esse luxo, para mim, no momento, é impossível. Estou numa pindaíba e gastando muito com uma necessária e urgente reforma da casa. O jeito foi retornar ao velho “buzu”. Pensava, no entanto, que esse transporte coletivo havia evoluído, melhorado, afinal observo nos dias atuais muitos mais ônibus, e novos trafegando do que antigamente. Porém havia me esquecido que a população também aumentou e bastante.

Nesta manhã peguei um ônibus superlotado, e superlotado mesmo! Não sei nem como consegui entrar. O veículo estava tão cheio, tão cheio, que havia passageiro até no colo do motorista!

Nunca vi uma coisa daquela! Entretanto descobri que com a labirintite é melhor viajar em ônibus assim. A gente tem apoio por todos os lados. É mais fácil cairmos na rua do que dentro desses veículos. Verdade! Só não gostei do que ouvi de uma senhora, depois de ter me olhado, virou-se para outra e comentou: “Uma hora desta da manhã e já tem pinguço até aqui, vixe!... E em seguida me deu um empurrão.

Mas estou aqui é pra relatar sobre o sofrimento desse povo que é obrigado a usar desse meio de transporte para irem e voltarem do seu trabalho. Um sofrimento cotidiano, interminável e que aumenta cada vez mais. As pessoas já chegam ao seu destino estressadas e quando retornam ficam ainda mais estressadas. Por isso, mesmo não gostando da atitude da mulher que me empurrou, compreendi os seus motivos e não fiquei com rancor. Estamos no século XXI e aqui nessa cidade, nesse país, o serviço de transporte coletivo continua uma droga! O metrô londrino – só para citar um de lá fora – já completou mais de cem anos; o daqui de Salvador apenas há dez anos atrás iniciaram as suas obras e ainda, como sabemos, não puderam inaugurar uma linhazinha sequer...

Os nossos governantes alegam dificuldades econômicas para melhoria desse setor. Acho que está na hora de trazermos os caminhões “pau-de-arara” do interior sertanejo para rodar dentro das nossas cidades. Garanto que o conforto para todos nós “buzueiros” será bem melhor.

23/07/2010