ANOS SESSENTA

Quantas coisas belas aconteceram nesta década!

Ocorrências marcantes em âmbito municipal, estadual, na-cional e por que não universal?

E na minha vidinha? Na minha adolescência?

Quantas descobertas, quantas alegrias, quantas decepções!!!

Tudo isso faz parte da vida; são os elementos que a com-põem.

Esta foi a década dos meus primeiros sonhos com o príncipe encantado, dos meus primeiros bailes e das primeiras decepções amorosas. Foi a década em que nós, meninas, sonhávamos ao pé do rádio de pilhas ou de bateria, com os galãs das novelas. Era muito gostoso ouvir as vozes sensuais e imaginar a beleza dos persona-gens.

Quem da minha idade não lembra, por exemplo, da novela “O Direito de Nascer”, quando sorríamos ou chorávamos de acordo com as emoções que o capítulo fazia brotar em nós? Quem não se lembra dos vestidinhos de “Mamãe Dolores” e da música: oh! Dom Rafael, eu vi ali na esquina, o Albertinho Limonta beijando a Isabel Cristina...?

Era uma novidade, pois antes víamos as fotonovelas, as benditas revistinhas muitas vezes proibidas por nossas famílias.

O amor romântico não estava apenas nas novelas e nos ro-mances; ele estava vivo, palpitante nos corações dos jovens da nossa cidade. Era lindo o amor e a fidelidade existentes nos casaisi-nhos de namorados que durante as férias estavam sempre juntos e que no período letivo se mantinham unidos através da correspon-dência.

O amor tinha realmente a conotação certa. Havia entre os namorados afetividade, companheirismo, sensualidade, e, sobretu-do, o respeito mútuo.

O namoro perdurava anos a fio enquanto cada um dos ena-morados cursava o ensino médio, a faculdade e finalmente colavam grau no ensino superior. Só depois de encaminhados profissional-mente constituíam famílias, edificadas no amor verdadeiro.

Sabíamos que a sexualidade é necessária numa relação co-mo também a afetividade o é. Porém tínhamos certeza de que ne-nhum relacionamento se manteria de pé, se a base dele fosse apenas o sexo.

O divórcio, o desquite, a separação faziam pouquíssimas ví-timas na nossa cidade.

Para nós a Lei Áurea era: “o que Deus uniu o homem não separa”.