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A maior estrela azul gigante já vista foi descoberta recentemente pelos cientistas que vivem observando o céu e, apesar de seu calor, ganhou um frio nome alfanumérico. O Hubble, um robô fofoqueiro, grande e gordo, que de longe espia tudo, achou a enorme massa extremamente quente e luminosa no meio de uma galáxia muito distante; tão distante que nosso cérebro, com seus parcos 10% de efetividade, mal consegue conceber.

As azuis gigantes são estrelas peculiares. Segundo os cientistas, quanto maior a estrela, mais intensa sua luminosidade, mais elevada sua temperatura - e mais curta a sua vida. Mas, segundo soube recentemente, os antigos persas já sabiam disso, há centenas de anos atrás... Ouvi falar de um antigo ditado que dizia que “a vela que mais ilumina é a que primeiro se apaga”. Séculos e mais séculos de ciência para comprovar a sabedoria dos antigos?

É óbvia a associação. Gigantes azuis são as grandes paixões que arrasam quarteirões de nossa existência, para depois virarem lembranças e poemas encerrados para sempre numa caixa poeirenta, jamais reaberta. Poeira de estrelas: vida intensa, vida breve. Sina?

Minha mãe dizia: quem muito ri, muito chora. Às vezes ficava assustada, imaginando que minhas freqüentes crises de riso seriam punidas posteriormente com um conseqüente choro de tristeza, mas nem isso me fazia deixar de rir sempre, rir muito. Se eventualmente chorava de tristeza - demorei para descobrir - é que a intensidade do que sempre vivi fazia-me elevar à décima potência meu choro ou meu riso, mas a tristeza nunca foi uma punição à minha alegria. Recusei-me a crer na assertiva de minha mãe, como agora desafio antigos persas e modernos astrofísicos a me provarem a veracidade de sua informação!

Não, a chama que mais ilumina não é a primeira que se apaga, porque a intensidade de sua luz não morrerá jamais. Mesmo que um dia essa paixão se acabe, mesmo que um dia ela se vá, jamais a escuridão voltará a reinar em mim.