Trégua

Na noite anterior ao seu desaparecimento, ela havia escolhido, pela internet, seu endereço temporário.

A vida exige pausa. Ou você faz, ou fica ‘torrando’ quem está por perto. E é massacrado pelos que o cercam. Compromissos em cima de compromissos. Isto enche a paciência de qualquer um.

Havia encontrado, em Niterói mesmo, uma acomodação que era perfeita. Sala pequena, quarto, banheiro. Tudo limpo e asseado. Restaurante sem a qualidade que anunciava, mas ninguém reclamava do que era servido.

Por volta de duas horas da manhã, o hóspede chegava de táxi. Mochila para o notebook, e uma grande bolsa contendo as roupas. Ah! Não esquecera da sua Walther P.38, arma de extrema precisão, com aspecto de assassina, o que ela era, na verdade. Usada na Segunda Guerra pelos oficiais alemães, matou muitos. Não tinha a perfeição da Luger, com que os ‘nazis’ treinavam tiro ao alvo em gente, principalmente judeus. Mas usa munição comum, nove milímetros, bem fabricada ou não.

O táxi deixou-o na portaria. Preencheu a papelada, pagou dois dias adiantados, conforme tinha combinado por telefone, e subiu para o seu temporário novo endereço, mas desconhecido de todos. A combinação com o gerente era perfeita, As fichas eram enviadas para a polícia, mas esta manteria sigilo absoluto, salvo se ele fosse procurado ou tivesse complicações que envolvessem crimes. Com mais de doze horas de sumido, a mulher falou com a polícia. O tempo era pequeno. Com quarenta e oito horas, podem entrar em ação. Com o passar do tempo, preocupação. Com um dia sem notícias, desespero.

A vida é interessante. Quando retornou à casa, foi recebido com choro, lágrimas e uma grande festa.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 27/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2403344
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