O MENINO PERDIDO: foi encontrado dançando tambor de crioula!

Lêda Torre

Na cidade de Colinas, tem uma comunidade quilombolas, estou sabendo disso hoje, mas desde criança, ouvi e vi muitas vezes o povo dessa cidade chamar negro, preto da Serrinha, bairro realmente a maioria mesmo é de negros, com certa ironia.

Pois bem, essa população sempre viveu no bairro chamado Serrinha, situado num enorme morro, e ali vejam só a variedade cultural e artística desse povo. Mas nem sempre foi visto assim. A cidade inteira olhava inviesado, atravessado, como se aqueles negros fossem ninguém, ou um povo de outro planeta.

Só que as pessoas por serem brancas, principalmente as de famílias tradicionais daqui, assim diziam, e agiam mesmo dessa forma, só encontravam as melhores babás, as melhores amas-de-leite, as melhores doceiras e boleiras, as melhores empregadas domésticas, as melhores lavadeiras, eram sempre encontradas lá, e nenhum branco se atrevia a nem fazer residências, comércio, etc, enfim, o progresso, não subia o morro.

Entretanto, existia a hora da cultura deles, de herança de seus antepassados, mostrar a que veio. Toda data comemorativa um dos seus hábitos culturais, é dançar tambor, e dançam como ninguém, deixa qualquer branco cair de queixo, admirado! E o engraçado é que as pessoas que mais os assistem são os brancos.

Pois bem, mas diante desse contexto todo, um fato aconteceu meio a tudo isso. Como nós somos oito filhos, e sempre é comum a mãe fiscalizar se antes de dormir, a prole está toda ali, dormindo direitinho. Numa dessas conferências, minha mãe deu conta de que um dos filhos faltava. O Fernando Júnior. Lá vai papai e mamãe procurar, cadê o menino, cadê o menino...mas onde procurá-lo¿ e foi aí que se ouviu um som conhecido vindo lá do morro que fica bem perto da nossa casa, não tão perto, mas devido a posição geográfica do terreno da nossa casa, ouvia-se muito bem.

Papai teve a brilhante idéia de ir até lá, pois de repente, quem sabe, o menino Júnior estaria ali. E não deu outra. O menininho com seus cinco ou seis anos mais ou menos, lá dançando, e suadinho!! Papai em vez de brigar com ele, achou engraçado, a inocência dele e dançando no mesmo ritmo daquele pessoal.

Depois dali, papai chamou minha mãe, pra ver o dançarino e o trouxeram-no, acharam muita graça da esperteza do Júnior, asseou-se e depois foram dormir descansados. Essa é uma história que ainda vou fazer rendê-la, estou pesquisando sobre esse povo, e muito em breve registrarei o resultado no recanto.

_______Colinas- Ma, julho de 2010_______________________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 28/07/2010
Reeditado em 03/06/2015
Código do texto: T2404764
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