Dedico a Ninguém.

É isso aí, a ninguém mesmo! Por que o dedicaria a alguém se o posso dedicar a ninguém, esse pobre coitado esquecido no além?! Quem melhor poderia representar a compleição em que atualmente me pertenço?

Treva é puramente ausência de luz.

Praguejo as tardes que fritaram os crânios de todos os santos. Abomino, com ânsia de vômito biliar, o passado que mata! E como mata! Até hoje, pelo que se sabe pelas estatísticas malditas, desde que os homens começaram a contar tudo o que lhes passava mente afora, dizem que, juntando tudo, vivos e mortos, desde que o mundo é mundo, uns trinta bilhões de seres humanos já habitaram o Planeta! Pouco! Para se ter uma base, atualmente, somente entre vivos, pisam por esta superfície umas quatro ou cinco bilhões de almas.

Minhas cores preferidas: vermelho hematoma e verde bílis. Quanto por fim me derem uma lápide, e se derem, desejaria que fosse tingida com essas cores, só pra variar. O verde biliar!

E o porquê do hoje que sempre incomoda? Por que hoje?

Os cães ladram e a caravana não passa. A lei está seca e boa, avisou o avião.

Mais uma vez, talvez pela milésima, ou sei lá!,tremulo sem lar, sem coisas a me apegar, carro, casa, cama quente a me confortar, ou mesmo até alguém para amar, vacante sozinho transportando algo exterior que se intitula um eu, um eu qualquer...

Cristiano Covas, num dia qualquer...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 29/07/2010
Código do texto: T2406110