Dedico a Ninguém.
É isso aí, a ninguém mesmo! Por que o dedicaria a alguém se o posso dedicar a ninguém, esse pobre coitado esquecido no além?! Quem melhor poderia representar a compleição em que atualmente me pertenço?
Treva é puramente ausência de luz.
Praguejo as tardes que fritaram os crânios de todos os santos. Abomino, com ânsia de vômito biliar, o passado que mata! E como mata! Até hoje, pelo que se sabe pelas estatísticas malditas, desde que os homens começaram a contar tudo o que lhes passava mente afora, dizem que, juntando tudo, vivos e mortos, desde que o mundo é mundo, uns trinta bilhões de seres humanos já habitaram o Planeta! Pouco! Para se ter uma base, atualmente, somente entre vivos, pisam por esta superfície umas quatro ou cinco bilhões de almas.
Minhas cores preferidas: vermelho hematoma e verde bílis. Quanto por fim me derem uma lápide, e se derem, desejaria que fosse tingida com essas cores, só pra variar. O verde biliar!
E o porquê do hoje que sempre incomoda? Por que hoje?
Os cães ladram e a caravana não passa. A lei está seca e boa, avisou o avião.
Mais uma vez, talvez pela milésima, ou sei lá!,tremulo sem lar, sem coisas a me apegar, carro, casa, cama quente a me confortar, ou mesmo até alguém para amar, vacante sozinho transportando algo exterior que se intitula um eu, um eu qualquer...
Cristiano Covas, num dia qualquer...