O silêncio dos dias frios

Parece coisa de maluco, mas cheguei à conclusão que dias frios são silenciosos. Mesmo com todo o ruído comum aos movimentos normais de gente nas ruas.

É um silêncio diferente. É como se os raios do sol, nos dias claros e quentes, nos ensurdecessem de tanto calor. Quando a temperatura baixa, resultante de uma frente fria que encobre o céu, parece que há um abafamento do som natural do ambiente.

Ouvimos ruídos de pessoas falando, de crianças brincando, carros passando, mas são ruídos longínquos, embora soem ali, a poucos metros. Há quem diga que os dias frios são tristes, depressivos. Prefiro dizer que são silenciosos.

São momentos em que tudo parece mais calmo, mais arrastado até. Uma brisa sopra devagar, move as folhas levemente, como numa breve hibernação à espera do sol.

De onde estou agora ouço ao longe o som provocado por um grande chafariz. São jatos de água que alcançam até oito metros de altura. Com o silêncio invernal à minha volta, se fechar os olhos imagino-me à beira de uma cachoeira, cercada de mato por todos os lados, apenas curtindo aquele barulhinho gostoso, o barulho do vento nas árvores, de pássaros, da água batendo nas pedras.

Dias frios são silenciosos, não tristes. Não é monotonia, é oportunidade para aproveitar a quietude e viajar para algum lugar, ou para dentro de mim. É acompanhar aquela nuvem cinza e pesada que vai passando, sem querer saber para onde ela vai me levar.

É fechar os olhos e ficar aqui, meio que abandonada, ouvindo o chafariz. E ao reabrir os olhos me surpreender com uma tênue luz prateada. Um pedacinho do sol que se mostra numa fresta das nuvens, dá um olá! e num instante se esconde. Deve estar querendo dizer que logo, logo trará barulho de volta à nossa rotina.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 15/09/2006
Código do texto: T240882
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