UM POVO AZUL NO DESERTO

UM POVO AZUL NO DESERTO

YNSO – Poeta Itinerante

Tuaregs um povo que vive em pleno deserto, enfrentando todas as argüiras, sem teto, sem ter seu país, sua tradição vem de muitos milênios, uma tradição traduzida oralmente em todos os tempos é uma filosofia de vida, que aquele povo nômade nos desertos do Saara.

Pois é um povo sem identidade, sem um país para dar sua origem, este povo ainda continua vagando no deserto até os dias atuais, como outrora vagaram seus antepassados, por mais de quarenta anos de peregrinando pelo deserto, como outrora peregrinaram os palestinos e hebreus até chegarem à terra prometida, mas para os teregs este tempo ainda não chegou e eles continuam a peregrinar pelos desertos apenas protegidos por um turbante azul de algodão para se protegerem das tempestades de areia dando a eles o poder de respirar um ar puro sem serem vitimas ao respirar a poeira fica do quartzo.

Sua casa é o deserto seu teto é o céu azul de dia com o sol escaldante à noite com estrelas brilhantes, como guia de orientação, dorme em toscas cabanas enfrentadas todos os perigos do deserto, cobras e animais ferozes, cuida de seus rebanhos que lhe fornecem carne e leite, o fogo é seu acalento nas noites fria do deserto, o chá aquece o coração dando força para continuar no dia seguinte a seu caminhar a procura de um oásis para alimentar seu rebanho e água saciar a sede de todos os seres humanos e animais.

Aqui se nota uma diferença entre este povo e o povo palestino e hebreu que se alojaram na terra prometida hoje a palestina com todos os seus conflitos sua guerras um povo sem paz tanto proclamada por aquele povo que vagou pelo deserto até chegar naquela terra, que seria a terra da esperança.

Logo os tuaregs continuaram a vagar sem encontrar um território definitivo, para dar-lhes um abrigo e identidade e chegou a este milênio peregrinando naquele deserto sofrendo, mas com uma liberdade integral, sem a ousadia do capitalismo vivendo uma vida em harmonia entre todos os teregs, com pouco estudo e tudo gira em torno à tradição de seus antepassados, como sua cultura e seu meio de vida e sem uma história registrada para que o mundo os conheça melhor.

Tudo entre eles é um bem comum, uma filosofia pregada por tanta gente sem atingir seu objetivo, com tanta tecnologia e recursos econômicos no mundo atual, e lá está um povo que vive feliz, com paz sem guerras, sem uma economia sem ostentarem riquezas num deserto, “como poderia se dizer um deserto da vida”, uma verdadeira odisséia em pleno século XXI, pois ali o deserto pertence a todos que vagam por aquele espaço hostil perigoso e tenebroso, mas que os tuaregs sabem enfrentar e ali vivem em paz entre seus seguidores.

A noite após uma jornada andando através do deserto armam suas cabanas acendem o fogo ordenham as cabras e camelos, pois o leite é seu alimento, que misturado ao chá, com a carne assada que é a melhor refeição deste povo nômade que vive no deserto, à noite antes de descansar eles observam as estrelas, que brilham na escuridão do céu, com elas eles fazem previsão ou traçado da viagem do dia seguinte, para eles um dia após outro dia e nada mais o incomoda no decorrer de sua vida naquele imenso vazio do deserto, pois aquele vazio só é preenchido quando chegam num oásis.

No dia seguinte continua sua peregrinação enfrentada a areia quente o sol escaldante até encontrar um oásis ou mais um fim de dia e acampar em pleno deserto, tudo isso vem se repetindo por muitos anos a fio já que ele nem tem como contar o tempo em que vivem sobre o deserto, pois é um povo sem história escrita, somente entre ele tem a história da tradição transmitida através de milênios de anos entre pai e filhos.

Em certa época uma grande seca aconteceu no deserto e muita gente morreu rebanhos foram dizimados, entre os mortos estava à mãe deste menino que ganhou o livro ficando órfão no meio dos tuaregs, mas entre eles a vida continua como o tempo dia-a-dia até o dia, que passou por uma caravana de tuaregs aquela famosa disputa de automóveis caminhões e motocicletas Paris Dakar e uma jornalista deixa cair de sua sacola um livro, e um menino tuaregs corre e ajunta o livro e vai entregar a jornalista que o perdeu, e a mesma jornalista doa o livro ao menino, este menino nem sabia a sua idade, e logo abraça o livro e fica pensando quero aprender a ler, pois quero ler este livro. Aqui fica uma interrogação que livro seria aquele que entusiasmou o menino, qual seria o titulo do livro e ainda mais o teria projetado o livro na vida daquele menino?

Vai para a cabana mostra o livro para seu pai e pede quero ir a escola aprender a ler e lê o livro que ganhou da jornalista, e seu pai autoriza ele a estudar, e todos os dias tinha que caminhar quinze quilômetros para chegar à escola, e outro tanto para voltar foi um tempo penoso para aquele menino, neste período os nômades ficaram numa localidade por mais tempo sem peregrinar pelo deserto.

Certo dia o professor arranjou um quarto para ele ficar perto da escola e uma mulher lhe dava comida e logo ele pensava – será que é minha mãe que está ajudando-me vencer este tempo, e o menino continuava estudando até que um dia conseguiu uma bolsa para estudar na França, mas nesta altura ele já tinha lido o livro que ganhou da jornalista e que mudou o rumo de sua vida, depois de todo este relato o leitor está ansioso para saber o nome do livro, que o menino recebeu daquela jornalista no trajeto daquela odisséia que era Paris Dakar a enfrentar aquele tenebroso deserto.

Mas antes de revela o livro quero deixar para os leitores deste texto, que será a primeira revelação histórica deste povo, acredito que poucos sabem alguma coisa desta etnia perdida no deserto do Saara, uns três milhões, e a maioria permanece nômade.

Mas a população vai diminuindo. “É preciso que um povo desapareça, para que saibamos que ele existiu!” Apregoava um sábio, ainda luto para preservar esse povo.

Certamente este menino da etnia dos tuaregs que leu o Pequeno Príncipe de Exupéry, e o tomou como meta em sua vida, um dia venha escrever com mais detalhes a história do seu povo.

E que bem que no futuro esta etnia terá sua história viva em todo o mundo, e quem sabe venha a ter um território em pleno deserto do Saara, e com isso obtendo a sua identidade entres os povos da terra, que passa a ter uma outra visão do mundo em que vivem.

São José/SC, 2 de agosto de 2010.

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Asor
Enviado por Asor em 02/08/2010
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