Cada idade tem seu encanto...
Esther Ribeiro Gomes
Nós somos engraçados: quando crianças queremos crescer logo para poder ir a festas, namorar, enfim, queremos ser mais velhos...
Quando jovens reclamamos da liberdade cerceada pelo controle dos pais, temos que dar satisfações dos nossos atos, estudar, cumprir nossas obrigações, enfim, não vemos a hora de ser adultos!
Já na maturidade, conforme os anos vão passando, ficamos angustiados e gostaríamos que o tempo voltasse, ou mesmo estacionasse para não envelhecermos...
Mas o tempo é inexorável e democrático, ele passa igualmente para todos!
Não entendo porque há pessoas que gostam de diminuir a idade.
Para mim, dizer a idade nunca foi problema.
Sempre pensei assim: Se tenho sessenta anos e digo que tenho cinquenta, as pessoas podem pensar: ‘Nossa, como ela está envelhecida para a idade...’
Se, ao contrário, eu digo minha idade real, as pessoas poderão dizer:
‘Nossa, como ela está bem para a idade que tem!’
Quando eu tinha trinta e cinco anos, minha melhor amiga era um pouco mais velha do que eu, mas tinha pavor de dizer a idade, não contava nem para mim!
Ela era muito tímida, então foi fazer um curso de oratória para poder falar melhor em público.
Um belo dia, um jornal de São Paulo foi entrevistar os alunos desse curso e tiraram várias fotos deles. Gostaram das fotos da minha amiga e foram na secretaria para pegar seus dados.
Quando eu abro o jornal de domingo, ao ler uma reportagem sobre timidez, lá estava a foto da minha amiga, com seu nome, sobrenome e IDADE! Liguei imediatamente para sua casa e ela não pôde me atender, porque estava de cama... Não contava sua idade para ninguém e saiu no jornal!
Outra amiga minha todo ano dizia que fazia trinta anos.
Num aniversário dela, um amigo nosso lhe disse que era o quinto ano que fazia aquela idade...
Para que esse medo absurdo de envelhecer? Cada idade tem seu encanto...
É claro que traz limitações e nossa imagem no espelho não é aquela dos áureos tempos da juventude... Mas em compensação, vamos adquirindo sabedoria ao longo do tempo e conquistamos mais qualidade de vida.
Aprendemos a valorizar o presente, aproveitando cada momento,
sabedores que os melhores vinhos são os das safras antigas, aprendendo a sorvê-los vagarosamente!