Medida

“O homem é medida de todas as coisas.”. Dizer esta frase é dizer que as coisas do homem devem ter a medida do homem. E qual é a medida do homem? O homem é um animal que pensa. É um conceito ambígüo. O homem é instinto e também é razão. O que leva a pensar se todas as coisas devem ser pesadas, ou melhor, medidas tanto pelo instinto quanto pela razão. Mas que coisas? Todas as coisas, concretas ou abstratas, desde as diretamente visíveis às imperceptíveis, alcançadas apenas pelo pensamento. O maior problema é que cada homem é único, diferente e cada um tem uma medida.

É possível argumentar que esta visão antropogênica tem apenas destruído “todas as coisas”, com ataques desmedidos aos recursos naturais, à flora, à fauna, ao clima... e até mesmo à fraternidade que, para eles, os atacantes, é inexistente. Esquecem, porém, que o homem ser a medida de todas as coisas não significa, sobremaneira, que o mundo pertence ao homem para seu uso e abuso. Há lugar para o homem no mundo, afinal é o animal que conseguiu erigir a arte, a cultura, a sociedade e tantas coisas lindas. Por que então destruir? Seria melhor preservar para construir mais.

A questão é: o homem muda. O homem já foi antropocêntrico, depois teocêntrico e depois voltou à escola clássica. O que ocorre é que se muda o homem, muda também a medida.

Nos dias de hoje, o homem esqueceu de ser a medida, se perdeu em meio a valores rebaixados, forjados por imagens publicitárias vazias, de bundas, seios, silicone, moda e vaidade.

O homem perdeu o equilíbrio da medida, é mais instinto que razão. Instinto de sobrevivência, procurando viver no cada um por si, mergulhando cada vez na ganância e na vaidade, gerando com isso pobreza, violência, terrorismo, destruição e outras mazelas.

Há de se esperar e de se rogar por mudanças, que a razão busque um equilíbrio novamente. É possível perceber algumas tentativas de melhora. Muitas pessoas já começaram a questionar e a buscar um novo tempo. O importante é o equilíbrio. A razão ajudará se o homem lembrar que é ambígüo, que pensa, mas que ainda assim é um animal. Ao lembrar isto, concluirá que pode criar muito ainda, com suas mãos, com sua mente, com sua ciência e com sua tecnologia, sem destruir tudo o que é natural.

“O homem é medida de todas as coisas.”. As coisas são infinitas. Portanto, por analogia, o homem é a medida do infinito, o que permite dizer que o homem não tem limites, nem mesmo o céu. Basta ele lembrar disto.

Fabrício Mohaupt
Enviado por Fabrício Mohaupt em 17/09/2006
Reeditado em 17/09/2006
Código do texto: T242082