A difícil arte de fazer um bolo

Estava aqui pensando com meus botões na difícil arte de fazer um bolo. Muitos dirão: poxa, mas que dificuldade há em se fazer um reles bolinho? É só juntar tudo e enfiar no forno e tchanann...olha o bolo lá !!!

Toda vez que me preparo pra fazer um bolo inicia-se uma profunda masturbação mental. Primeiro, eu penso em quem vai comer e depois penso: se fosse pra mim, como eu gostaria? Esse é um passo fundamental, pois se eu não vou enfiando qualquer gororoba na boca, porque haveria de enfiá-la goela abaixo dos demais degustadores?

Alguém já comeu um bolo que crescia aos olhos, mas que após mandá-lo ao “bucho” provocava-lhe uma dor infernal? Hummm ...já passei por isso e tenho uma tese a respeito. Quando vamos preparar algo, principalmente comida, devemos estar com a alma leve, livre de sentimentos como raiva, vingança e outros mais. Acredito que tais sentimentos impregnam na bendita massa e provocam uma verdadeira guerra no estômago daqueles que consomem a iguaria ofertada.

Pois bem ... fazer bolo não é uma decisão fácil. Deve-se estar bem tranqüila, com o coração cheio de amor, pra poder mandar pra batedeira o ingrediente essencial que será o responsável pela elaboração de um bolo pra lá de especial.

Após acalmar o coração e pensar em coisas boas pra “mandar pro bolinho”, deve-se escolher os ingredientes com cautela e com extremo carinho confortá-los na tigela da batedeira. Tudo bem, sei que parece piada, mas a idéia de ver alguém simplesmente jogando tudo dentro da tigela, sem nem perceber o que está fazendo, consegue acabar com meu humor.

É ...eu devo ter problemas. Fazer bolo é uma arte que deve ser obedecida com rigor. Cada ingrediente deve receber o toque delicado de nossas mãos (e nossa energia também). Uma massa batida de qualquer jeito não tem o mesmo efeito de uma batida com atenção, delicadeza e amor.

O bolo nem precisa ser muito requintado. Pode ser um bolinho bem simples, mas se seguir o ritual certinho, com certeza irá agradar o estômago daqueles que amamos.