Perfume.

Perfume é um “aditivo” maravilhoso principalmente quando usado com moderação, nos tocar como uma leve e suave brisa muito agradável, ele muitas vezes nos traz lembranças que pensávamos esquecidas, algumas delas guardadas a sete chaves na intenção de esquecê-las, mas de nada adianta, elas sempre voltam ao sentirmos determinada fragrância.

Outras nos trazem momentos de saudades, felicidades.

Assim como a música, o perfume também tem o dom de nos transportar às lembranças.

O perfume deve ser usado sem exageros, assim diz a etiqueta social, usada para facilitar nossa vida, e não é nada elegante “mergulhar”nele.

Infelizmente nem sempre é o que acontece, quando alguma coisa tão boa, se torna um monstro que nos submete a verdadeiro tormento.

Ontem no cinema eu estava feliz segurando um saquinho de pipocas, tinha colocado os óculos, me ajeitei confortavelmente na poltrona aguardando o inicio do filme.

Tinha muita gente disposta a assistir aquele filme, mesmo não sendo muito bom, sobravam poucos lugares vagos.

Um casal sentou-se nas poltronas na minha frente.

Acabou o meu sossego.

A mulher tinha o cabelo bastante comprido, que jogava para trás de minuto em minuto, com força quase batendo na minha pipoca, era só cabelo que voava.

Comecei a ficar prevenida, já não gostei muito daquilo, me controlei, disse para mim mesma.

Deixa de ser implicante!

Mas o pior estava para vir...

De repente aquele perfume!

Pronto, que perfume era aquele que vinha dela?

Ela devia ter caído num barril de mel com banha, seu perfume exalava um olor enjoativo, doce demais e gorduroso, sabe aquele perfume tipo “mata rato”?Era o próprio!

Odeio perfume desse tipo, me dá alergia!

Para falar a verdade meu nariz é muito seletivo, não aceita qualquer perfuminho!Outros odores não me dão alergia, nem perguntem quais são...

Ai, meu Deus, e agora como fazer para não entrar em crise alérgica?

Acho que vou espirrar...

Dois minutos depois comecei a espirrar!

Que vontade dar uns tapas nessa bruxa!AH! Bandida, você me paga!

Meu nariz coçava tanto que quase arranquei o pobre sofredor, mas me vinguei.

Espirrava bem na nuca da mulher, não fiz questão de cobrir a boca e o nariz com um lenço.

Ela se sentiu incomodada, se mexia na cadeira, mas não reclamava, ou melhor, cochichava sei lá o que no ouvido do companheiro ele só resmungava, acho que também estava tonto com aquele cheiro. Coitado, deve estar pagando os pecados ao lado daquela usina de cheiros.

Espirrava e enxugava as lágrimas que escorriam como cachoeira, os olhos congestionados muito vermelhos, não sei se de fúria ou por causa dos espirros.

Finalmente fui salva.

Vagou um lugar no final da fileira na qual eu estava.

O filme ia começar, as luzes diminuíram, mas mesmo assim vi o lugar vago, não é força de expressão não, voei mesmo para lá, não sem antes dar uma “bolsada” na cabeça dela, claro que foi “sem querer”.

Nem pedi desculpas, já no escuro saí tropeçando, desesperada para me manter à distância segura daquele horror! .

Finalmente me sentei, respirei aliviada, esfreguei os olhos e limpei os óculos embaçados pelas lágrimas. Estava possessa!

Penso sinceramente que o perfume é uma arma, assim como aproxima afasta.

O uso constante do mesmo perfume habitua o olfato a determinado aroma, isso faz com que o indivíduo perca a noção da dose que deve usar, daí o exagero.

Acabamos usando cada vez maiores quantidades para nos sentirmos perfumadas.

Alternar o uso dos perfumes não é luxo, mas sim necessidade.

Existem pessoas que acham “lindo” deixar um rastro de perfume por onde passam, posso estar enganada, mas o aroma escolhido é pessoal, quase íntimo!Não é para ser espalhado aos quatro cantos.

Tomem cuidado, por favor, vocês podem encontrar uma “alérgica” histérica a ponto de te atacar ou de te passar uma descompostura por conta de seu “cheirinho”exagerado.

Use seu perfuminho com parcimônia, de modo suave, não custa nada, assim evita afastar algumas pessoas, ou então aproximar as que estão com o nariz congestionado por uma forte gripe!

Sei que gente alérgica a alguns perfumes deveria andar com máscara cobrindo a boca e o nariz, mas é difícil andar por aí assim.

Não custa nada usar o bom senso.

Esta semana vou ao cinema novamente, vou procurar a sala mais vazia. Sentar na poltrona da primeira fila, nem que tenha que ver o filme quase deitada, não me importo de sair com o pescoço duro, com um belo torcicolo de tanto olhar para cima.

Ninguém vai sentar na minha frente.

Vai ser muito azar se aparecer mais uma “cheirosa”, e sentar atrás de mim.

Não é possível, será uma sina, um feitiço, macumba, praga de mãe?

AH!Essa não!Desta vez, “estouro”!

Vai dar policia e manchete nos jornais!

M.H.P.M.

Helena Terrível.