Goiaba Sabina
Não seria manga?
Antigamente, antes da invenção da lente, acreditava-se que as pulgas surgiam da areia; que algas marinhas se transformavam em arraias; que sementes de goiabas se transformavam em bigatos..., que homens vinham de Deus..., que Zeus não era o único, que Prometeu prometeu e não cumpriu...
Correu o homem pelas manhãs dos tempos em busca de alimentos; sôfrego e ao mesmo tempo alquebrado soçobrou no que lhe restava e transformou tudo no que nos resta hoje, ou seja, o “nada existencial”, o nada que nos faz mal, um amontoado de coisas desconexas que não dizem respeito a nada, a não ser com a atitude vã de “simplesmente fazer, fazer incessantemente...”, até que a transcendência nos separe da matéria.
Ao som de sua consciência por demais ambiciosa, o insaciável animal percorreu savanas, desertos e pântanos, ultrapassou montanhas e atravessou lagos e mares, amou, matou e morreu, em busca... Em busca de que?
Era o primeiro dia de imaginação; uma manhã ensolarada, clima ameno e cores e odores por onde se direcionava...
No entanto queria andar, andar sem parar, até o infinito, até o fim de tudo (e o que seria tudo?; o que seria o fim?), dia e noite, chuva ou sol, deixando pra trás velhos, mulheres, crianças e enfermos que de algum modo não quisessem ou não suportassem o trajeto..., andar e andar como lema de vida, para os olhos tudo olhar, o olfato tudo respirar, sentindo tudo, vivendo e morrendo a cada dia, por tudo...
Cristiano Covas, 21.11.07.