Triste Festa de Recordações...

A vida voa/corre/galopa,escorre pelos dedos e se vai/esvai

segue de forma leve/breve e fugídia, insidiosa/insana e silente em seus

gritos surdos de angústia muda ansiosa e dolorida.

A mente que mente/desmente e se esconde de si mesma...

... Ou tenta fazer de conta que não se desaponta/desponta na amarga realidade das irrealizadas/irrealizações. Sonhos (ir)reais.

È preciso esquecer o passado onde se fez/ousou ser infinitamente/intensamente feliz e se descobriu paradoxalmente infeliz

por ter ousado / fazer tanto a si mesma.

Sorveu dores/desamores,verteu lágrimas camufladas em sorrisos,

sorriu gotas de tristeza disfarçadas .

Quando desejou apagar o que se foi junto aos anos que se espalharam/esparramaram por sua existência, não conseguiu.

Resistência da alma?

Apagar como? Apagar?

Traição da mente que apesar de latente mescla passado/presente

em cenas, momentos e imagens...

... Ou será apenas imaginação?

A vida se embaça/enlaça/embarca/desembarca em dias, consome segundos em devoradora insaciedade para alcançar o tempo.

O tempo!

O tempo?

A angústia da saudade requentada/ressentida permanece tatuada tal qual cicatriz cravada na alma.

Apagar ? Não sei como.

O tempo passa e a alma se transforma em uma triste festa de recordações.

Festa sem guloseimas,sem sabores/cores, festa silenciosa que

faz da alma em trapos a melhor fantasia para sobreviver ao que restou

do grandioso baile ,onde a melodia de amor, deu lugar a triste e sentida Valsa do Adeus.

Seguiu a vida, dançou, cantou e se vestiu/despiu com as novas

fantasias que a alma lhe oferta.

Seguiu a vida e se lembrou que também áquele momento não

passava de uma traição da mente.

A melodia que entoava em silêncio naquele momento: saudade.

Márcia Barcelos.

20 de março de 1992.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 16/08/2010
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