Mudança de Endereço.
Estou transferindo minha vida para um novo endereço; com apreço, com carinho, porém meio cabreiro, vivendo achincalhado dentro de minha fama de desordeiro, vou sozinho...
Não sei onde se dará meu último paradeiro; sei apenas que vivo e por isso, simplesmente, agradeço.
Uma avenida no centro da cidade, uma avenida, apenas, no entanto cheia de novidades.
Vou de preto com a mente cinzenta; vou como quem não quer nada, como quem nada tem a perder, com uma mão à frente e outra atrás, galgando calçadas imperfeitas, por uma vida de lides infaustas, com o receio de tropeçar e pessoas rirem à minha fronte... Aliás, “nada de novo no front...
A vida, sumariamente, comumente, me apresenta insatisfatória, em que ao mundo a inglória faz-se constância;
Perdeste tudo, inclusive o último centavo que guardastes como recordação do troco daquela viagem que nunca fizeste, e que um dia chamaram níquel de dinheiro.
Gostaria acima de tudo que o “tudo” acabasse num leito em que se pudesse descansar, “eternamente em berço esplêndido”, o tudo...
Porém a poesia, oh, a poesia: o único sentimento que tende a me livrar do aniquilamento...
Cristiano Covas, palavras vãs, 26.02.08.