Noites Sujas.

Em noites assim me sinto como se tivesse lambido o esgoto misturado às demais putrefarias do mundo-cão.

No entanto, mais uma vez, tirante a verba despendida, o importante é que me safei com ileso. Ainda sobrevivo, e isso importa e muito. Só espero que não haja próxima vez, e, se houver algo parecido, que não passe disso.

Uma noite suja, no típico linguajar de Plínio Marcos.

O engraçado é que nos momentos distorcidos em que resolvo colocar em prática minha anarquia, uma lufada de ventos suaves transpassa minha face perturbada lembrando-me da vida pura e cristalina de um cidadão respeitável, com família, mulher e filhos, além de um avô enfermo e algumas crianças de rua que minha benevolência de vez em quando me faz ajudar. Porém são raras as vezes em que me deixo levar por esses ventos serenos. Na maioria arquivo-os em algum ponto de meu cerebelo para me martirizar a posteriori.

Que vida de cão!

Essa fome e magreza esquálida sucedem de minha insanidade irresponsável. Tento me consolar, “mas as paredes são surdas”. Restam-me alguns dias de vida. Tenho de sair correndo na tarde ensolarada que existe em meus sonhos, e destruir os vilões de minhas idéias, aniquilá-los. Ah, quanto álcool não entrara por esta boca imunda! Se fosses de fato analisar a quantidade diria que aproximadamente um Rio Grande descendo goela abaixo. Horrible! Mil vezes horrible!

Mas fazer o que se decidi nunca mais me arrepender?

Há um monstro habitando meu estômago, e suas roncadas me lembram o som de uma descarga elétrica...

Cristiano Covas, 10.08.06

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 23/08/2010
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