Perdendo a alegria

Ela entra, discreta, porém, todo mundo repara aquela beleza singular de menina. Entra com seus livros e seus pensamentos, com suas roupas simples e seu cabelo quase desarrumado.

Dentre tantas mesinhas coloridas, ela senta na mesinha vermelha, do canto. Larga seus livros, escuta, atentamente, a música que toca quase imperceptível, e abre um singelo sorriso aprovando a música.

O moço, gerente do lugar, vai até a sua mesa e pergunta se ela deseja tomar, ou comer, alguma coisa. Ela pede um café expresso com marchmellow.

Apóia seus cotovelos na mesa, e seu queixo nas mãos entrelaçadas. Ela parece tão longe que seus olhos ganham um brilho inebriante,porém intocável. A musica que ela aprovara já parou de tocar e ela nem deu-se por conta, seus pensamentos a levaram para outra dimensão, para o seu mundo paralelo, onde toda a beleza do mundo se esconde.

O moço retorna a sua mesa, trazendo uma xícara com seu café e todo aquele marchmellow. A menina volta ao mundo real, pega a colher fina que o moço deixara em sua mesa, pega um pouco de todo aquele marchmellow e se delicia. Aquilo parece satisfaze-la tanto quanto qualquer outra coisa poderia. Seu rosto, antes já suave, agora aparenta perder-se no meio do marchmellow e sua expressão é de um misto de prazer e alegria, de nostalgia e saudade, de carinho e verdade. Se quisesse, ela poderia voar naquele momento.

Ela pega um dos seus livros e abre, o larga sobre a mesa, e com a colher na boca, lê um parágrafo, lê uma folha, duas, três e aquela expressão de felicidade continua nela, a tornando mais linda... Então chega, de repente, um rapaz, seu conhecido, que a entrega uma pequena folha dobrada se despede e vai embora.

A menina desdobra a folha, e lê com imapaciência. Levanta-se da mesa, com lágrimas nos olhos, e agora, sua expressão mudara, a tristeza tomou-lhe por inteira, seu rosto de menina alegre transformado no rosto de uma triste mulher, e vai embora com passos rápidos e secos em direção ao hospital, pois sua avó, sua querida avó, acabara de falecer.

--- Fato real.

Polar
Enviado por Polar em 21/09/2006
Reeditado em 21/09/2006
Código do texto: T245781