Uma pinta no meio do caminho

Quando nasceu antes mesmo de receber a primeira palmada e receber o colo da mãe, o médico, admirado com o que viu, chamou todos que estavam a sua volta para ver. Nossa que bonitinho!!! – Diziam as enfermeiras. O médico, rindo, falava: - Esse vai ter motivo para sair mostrando o seu por aí, afinal não é sempre que nasce alguém com uma pinta nesse lugar!!! Doutor olha, mais uma!!! Disse uma das enfermeiras admiradas. Pronto, agora eram duas as pintas, o que deixou a todos os presentes mais admirados. Aquela pinta sempre chamou a atenção, principalmente pelo local peculiar que ela havia escolhido para aparecer, digo aquela pinta, no singular, por que a outra ficava embaixo então nem todos viam. Ainda bebê, ficavam olhando, muitas vezes rindo ou se perguntando: - Com tanto lugar, tinha que aparecer justo ali? Mais crescidinho pediam que abaixa-se o shortinho só para ficarem vendo a pinta no lugar inusitado. Cresceu sendo a atração da casa, tudo era motivo para chama-lhe, da onde estivesse, tinha que vir e mostrar a pinta, o que aconteceu até uns seis anos.

Aos dez anos apenas algumas pessoas ainda lembravam que ele tinha uma pinta, ou melhor, duas pintas naquele lugar. Para ele que nascera com isso era natural vê-la todos os dias na hora do banho ou de esvaziar a bexiga. Na escola ninguém sabia da pinta, e tão pouco gostaria que soubessem, ainda lembrava-se de quando pequeno, onde tinha que ficar mostrando-a para todos, principalmente para as mulheres.

Como gostava de futebol entrou em uma escolinha, e a partir daí, tudo mudou, um dos moleques que estavam no vestiário, viu a pinta quando ele se trocava, (estranho né ficar olhando o negócio dos outros? Huuum sei não heim!!) Pronto, foi o estopim para no outro dia todos na escola ficassem olhando para ele, como se fosse um ET, enquanto percorria os corredores até chegar a sala, até mesmo a professora agora o olhava diferente. Ficou na sua como não soubesse do que estava acontecendo, mas naquele dia nenhuma professora conseguiu ministrar a sua aula.

Agora, as meninas ficavam rindo por onde ele passava, as mais ousadas viam ao seu encontro perguntar se era verdade, e naturalmente ele respondia que sim. As garotas do colegial, mais velhas do que ele, pediam para ver a pinta de qualquer jeito. E foi aproveitando-se disso que ele resolveu usar a pinta a seu favor, deixaria elas verem desde que fizessem outra coisa e, poucas foram a que aceitaram a troca. O certo é que a partir que iniciou essa permuta, a fama da pinta só aumentou.

Contudo, já adulto e ciente que a pinta lhe trouxera mais benefícios do que constrangimentos gostava de se reunir com os colegas em um barzinho para jogar a conversa fora e paquerar, de vez em quando saia com algumas garotas que conhecia e que também iam ali para se divertir e paquerar, paqueras que terminavam na cama e que provavelmente não passavam de duas ou três transas. Gostava de dizer as mulheres sobre a sua pinta, que eram duas na verdade. Só que ele resolveu não usar a tática das pintas, usado em outras paqueras, de tão bonita que ela era. Procurou impressioná-la com uma boa conversa, uma garota bonita, charmosa, simpática que chamava a atenção por onde passava.

Ficou maravilhado ao ver aquela beleza. Não pensava, ainda, em relacionamentos longos, queria aproveitar todas as oportunidades. Planos de namorar, casar, poderia deixar mais para frente. O papo seguiu por toda noite, mas descontraída, devido ao álcool, falou um pouco sobre sua vida, o seu trabalho, mas pouco falou sobre os seus namoros, soubera por ela que estava ali esperando um colega que a chamara para sair e que podia perceber não viera e muito menos telefonara para lhe avisar. Aproveitou-se do fato para lhe dizer algumas palavras e a convidou para ir a sua casa.

Em casa comportou-se diferente com ela, diferentemente do que acontecia com outras garotas que já as direcionavam para o quarto, mas precisamente a cama. Criou um clima romântico, com música e um vinho tentando impressioná-la para depois levá-la para a cama. No quarto com todo um clímax rolando, aconteceu o que não esperava, durante um boque...:

- Não acredito!!! Assim gritou ela, parando o que fazia.

- Por que parou? Disse ele ainda envolvido com o ato.

- Nossa não acredito!!! Disse ela mais uma vez.

- O que você não acredita? Continua vai, tava tão bom!!!

- Você tem uma pinta no pint...!!!

- Tá bom e daí, não tenho uma, mas duas, mas continua o boque... por favor!!!

- Duas?? Nossa, é mesmo, que bonitinhas!!! Por que você não me falou antes???

- Não sei, para mim isso é tão natural que às vezes esqueço que tenho, continua, por favor, vai!!!

E foi nessa conversa, que durou uns vinte minutos, que o fez desanimá-lo, e a pinta que tanto lhe deu motivos para sair com as mulheres, ainda na adolescência e depois ainda mais quando adulto fez ele não transar com aquela garota. Ainda impressionada, vendo a todo o momento as pintas, a garota ficava dizendo que era a primeira vez que via um pinto carregando duas pintas.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 25/08/2010
Código do texto: T2458219
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