Quase Primavera

Morrem flores que foram sementes um dia.

E no jardim, renovam-se as rosas de cor azul.

Regam plantas e replantam todas as magias que dão cores ao dia.

O tempo te faz cético. E todas as cores correm o risco de tornarem-se preto e branco, quase cinza.

O mistério e o desvendar tornam-se fagulhas desinteressantes. Porque o tempo te faz sábio. E, às vezes, a sabedoria é um tanto sem graça.

Adeus ao frio na barriga, aos olhos assustados, à angústia do medo, à adrenalina da ousadia. Porque o tempo te faz sereno.

E aumento o cuidado para que o vento não seja apenas fenômeno físico. Porque é tão bela a poesia que sopra teus cabelos.

E, então, há uma destreza para que as linhas do arco-íris emoldurem aquele dia sem graça depois da chuva. Porque as tardes não podem morrer sem graça nos braços de quem tudo já viu.

Tempo passa, passa tempo. E o relógio pesa mais a cada “tic” e enlouquece o são a cada “TAC”.

Sem medidas, sem pesares.

Sem data de nascimento.

Renovam-se todas as flores, porque vem chegando primavera.