A PRIMEIRA BALADA

A persistencia é uma virtude aclamada por todos. é bonito ver uma pesoa persistente. Lutar pelo o que deseja. Louvável. MAs tudo tem um limite. Tem que ter.

Foi uma semana. Uma semana de terror psicológico. A cada minuto a mesma ladainha.

Mãe, posso? Deixa mainha. Prometo me comportar.

E além dessa, tantas outras promessas. Até banheiro lavado diariamente foi oferecido.

Pelos cantos, telefone em punho, eu ouvia confabulações, cochichos e segredos, para em seguida mais um pedido: Deixa mãe. A Walesca, a Aline, a Pamela, a Rosana, ( e todo o dicionário de nomes) tambem vão. E eu alí, abraçada com meu NÂO. Sem pensar sequer na mínima hipótese de aceitação. JAmais.

E em sua persistencia, aquela criaturinha, apela para a proteção do irmão, e esse inconteste, apreensivo, cauteloso e cuidadoso determina: Nunca, jamais, talvez quem sabe aos 20 anos. Nem pensar. E nem toca mais no assunto. Alívio.

Alívio? Quem sabe o que são horas de lágrimas, joelhos ao chão, clamando aos céus para que um anjo a levasse embora para um mundo feliz! Impropérios contra os Deuses de todos os credos. Credo!! Só Jesus na causa!

E chega o dia fatal! Deixa mãe? Voce não me ama? Voce nunca foi jovem? E a ladainha recomeça. Até que vem a facada final:

Mãe , voce não quer que eu seja feliz? Me faz feliz mãe. Deixa.

E sem que eu perceba ( ou fingí não perceber) adentram em minha casa um bando ( tá bom, eram só tres), de moçoilas, devidamente emperequetadas, para irem à tal balada. Discursos, carinhas de santas, apelos, sufoco. Deixei. Sim, eu deixei! Eu deixei? Não acredito. Permití, consentí, enlouquecí. Esse último já havia acontecido, fazia tempos.

E aí veio a transformação. Se para ir à padaria ela leva meia hora para se arrumar, nesse evento levou apenas 20 minutos. Pudera! A roupa já estava devidamente escolhida, a maquiagem separada, tudo em ordem, como nunca.Se nunca sai sem alisar as madeixas,ela leva meia hora para se arrumar, nesse evento levou apenas 20 minutos. Pudera! A roupa já estava devidamente escolhida, a maquiagem separada, tudo em ordem, como nunca.Se nunca sai sem alisar as madeixas, hoje eles estariam lindos encaracolados. E em instantes estava linda, uma graça!

MAs, tudo tem um preço ! Telefones de amigas, devidamente anotados, nomes e sobrenomes, endereços, alguns minutos de conselhos, tipo: " Não beba nada da mão de ninguem", " Se sair briga, corre pra bem longe", " Cuidado com lugares escuros", " Me liga a cada meia hora" , " Não deixa o celular desligado"

Aff" Até eu me canso de me ouvir. E a resposta: Tá mãe, tá, tá. Te amo! Vc é a melhor mãe do mundo! Fui!!!!!!!!!!!!!

Ela foi e eu fiquei. Fiquei apavorada, em estado de atenção.

O baile iniciaria às 15:30, até às 18 seria um calvário para mim.

REzando para que ela chegasse logo, e para que o irmão demorasse a chegar. Como pode uma mãe rezar para que seu filho demore a chegar? Pirei de vez! Sem cura!

Dezoito horas: Celular desligado, nova tentativa. Alívio, atendeu!

_Mãe, olha ( como se eu estivesse enxergando algo), a Maiara, a Edilene, a Juliana, chegaram agora, posso ficar mais um pouco?

_ HÂ? Vem pra casa agooooora!

Trinta minutos depois, chega ofegante, radiante, exultante.

Seus olhos brilhavam com muita intensidade. Brilho de felicidade. E ainda ofegante foi me contando como se saiu em sua primeira balada!

NAda fugiu à sua observação: As luzes coloridas, o ambiente escurinho, as roupas das outras meninas, claro. O comportamento de outros grupos. E principlamente OS Meninos ( Tinha que ter meninos nesse baile).

Mãe! Deixa eu te contar: Os meninos chegam e já vão beijando. Abusados né? Eu não beijei não, tá?

Acredito minha filha. Vai conta mais. E exausta, dormí.