A PRIMAVERA É FLORES.

Todo acontecimento, de algum momento, vivido ou sonhado, tem, portanto, alguma história a contar ou, a guardar só no pensamento, uma história tem de ter começo, meio e enfim. Fim. Lembrava-o perfeitamente o dia em que foi tocada na descrição feita dos contornos do seu corpo com palavras e foi sentindo como se estivesse sendo tocada, tateada minuciosamente pelas mãos e pela mente. E, agora ali pessoalmente, de corpo presente e mente, pensava finalmente e, ele foi delicadamente tocando-a, e ela foi sentindo um fervilhar de acontecimentos e nos toques sentia se mulher completamente, antes, no percurso, e nos finalmente. Nunca tinha tido igual acontecimento, pensava o outro, já vai pros finalmente e depois se lambuza e corre, pro fim do mundo e me larga completamente.

Estava embaralhada naquele vestido que ele tocou e desenhava o corpo dela, e de imediato a arrancou pensando nas dobras e recordações de sentir o corpo e o pulsar; que mistérios terão a registrar. Sentia-se tentada pela serpente que de repente levantara a cabeça junto ao corpo dela. Ser, era o que queria agora, vingar-se dos estereótipos e se deixar lambuzar na efervescência do seu ser e do sentir seu vulcão em labaredas querendo ser penetrada ser galopada ser inteira e não mais metade de nenhuma maldade, ser completamente dentro ou fora de alguma corrente.

O corpo foi pedindo nos contornos que se fazia inconscientemente na dança do ventre. E a fogueira queimava mais e mais intensamente quando o querer foi ficando mais forte que o poder da sua mente, estava agora em êxtase que se imaginava num ensaio de balé. Seu corpo não era noite e não era dia e sim uma bela melodia que insistia e pedia vem! Amanhecer minha alvorada. Pedindo o impressionante desejo de um querer que não havia medida certa e nem incerta. Energia, diria pura energia como queria tocar, tocar uma melodia, sentir o pulsar, o lambiscar os lábios secos de euforia. De sentir o corpo dele dançando sobre o seu em pleno meio dia. E no findar das constelações Ouvir com a voz entrecortando aos gemidos de lobos uivando em noites de lua cheia e de repente, não mais que de repente. Uma voz ao seu ouvido. Vou gozar. Delicia