O Bullying não ocorre somente nas escolas.

As camadas do tempo vão se sobrepondo ano após anos e vamos acumulando experiência boa e má é a vida vai ensinando-nos, nem sempre generosa como gostaríamos. Mas o fato é que vida nos ensina.E mesmo com toda essa vivencia, mesmo depois destes mais de meio século que se passou desde o dia em que dei meu 1º grito sabe se lá,, se por não querer sair daquele meu mundinho tão aconchegante, já adivinhando que por aqui a coisa não iria ser moleza. Ou talvez tenha aberto o berreiro num choro de alegria e emoção. Ou se foi pela famosa palmadinha ritual de praxe naquela época, maneira cruel de darem boas vindas. Sei lá quem poderá saber!Só sei que diante desta imensidão nada sei e que diante deste universo infinito que mora em cada ser ainda temos muito para aprender.

Hoje se fala muito em Bullying, Naiara jamais poderia imaginar que esse era o nome de todos os transtornos que passara na infância, causas de traumas, bloqueios e submissão, o tempo se sobrepõe de camadas e nós inconscientemente nos sobrepomos de camadas que vamos acumulando, e assim formamos barreiras para fugir daquilo que nos fez sofrer. Tem pessoas que conseguem lidar bem com seus traumas outras porem preferem fingir que não existem e não se permitem nem mesmo pensar neles.

Bom o que relato aqui foi contado por uma amiga e assim ela começa:

___ "Não posso dizer que minha infância tenha sido um mar de rosa, venho de uma família grande e de muito poucas posses. Lembro dos pães de kilo que comprávamos na antiga padaria Esperança que se situava na Avenida Silva Paes, que eram cortado e dividido em fatias para que todos pudessem saborear o pãozinho novinho, mas nem sempre era assim, outras vezes a mãe nos oferecia angu, farinha de mandioca cozinha no café. É não foi nada fácil para meus pais criar tantos filhos nas condições financeiras que possuíam. Assim como faltava dindim, também faltava o conhecimento que hoje conquistamos mais facilmente devido aos meios de comunicação internet e tudo mais. Como disse anteriormente estamos constantemente aprendendo nesta vida.

O que esta sendo relato hoje nestas linhas tem a total permissão de Naiara e assim continuava ela falando: ____Só uma vez falei para uma tia e isso já nos meus cinqüenta e tantos anos numa forma de desabafo, lembro que abri meu coração e chorei como criança foi bom, pude aceitar entender e perdoar, uma cura uma graça que recebi por isso hoje posso relatar sem sofrer e até achar engraçado alguns causos passados.

Na minha infância sofria de uma incontinência urinária, pela qual me foi atribuído apelidos e assim fui atormentada por ter esse distúrbio. Acordar pela manhã o que para todos era uma delícia para mim era um martírio, pois não tinha como esconder as marcas que um colchão molhado revelava. Tinha vontade de sumir evaporar no ar, pois sabia o que me esperava. “Não bastasse a repreensão de minha mãe que cansada já não sabia mais o que fazer, tinha uma multidão de irmãos que puxavam meu rabo de cavalo e me chamavam de mijona,” Ai vem a Maria mijona, ha, ha, ha. "À hora do café da manhã era uma tortura, todos se entreolhavam com ar de deboche e sempre tinha um mais atrevido que falava baixinho mijona...

A mãe energicamente mandava que terminassem o café em silêncio, o que era quase impossível, pois eu era um prato cheio para eles. Vovó fazia varias simpatias uma delas lembro bem ela fazia eu fazer xixi em cima de tijolos quentes, kA, kA, kA... Simpatias, tentavam de tudo que sabiam, mas nada funcionava. Distúrbio este que me trouxe humilhação durante toda minha infância e que me privou de dormir na casa de amigas de participar dos acampamentos e gozar das férias escolares na colônia de férias o que era muito frustrante.

Fomos crescendo e minha mãe arrumou emprego numa escola onde conhecemos uma professora que acabou tornando-se amiga intima da família. Assim tomou conhecimento do meu problema e aconselhou minha mãe para procurar uma assistência médica, pois não se tratava de sem-vergonhice e sim de um distúrbio fisiológico. Assim foi feito, fui levada ao médico e através do tratamento me livrei deste mal que tanto me atormentou.

E conversando eu e Naira começamos a refletir e a imaginar quantas crianças não devem hoje estar sofrendo deste mesmo infortúnio ainda nos dias de hoje por falta de conhecimento dos pais que acham se tratar de sem-vergonhice, preguiça de levantar e tantas outras...

Foi então que tivemos a idéia de escrever esta crônica como alerta aos pais. É na infância que é formado o caráter e dado os valores as nossas crianças, a primeira infância é um período decisivo na formação da personalidade, do modo de agir do adolescente e do adulto. De fato, os primeiros seis anos são fundamentais para a constituição da pessoa.Isto tudo cientificamente provado.

O adulto de hoje foi criança um dia e a criança de hoje será o adulto do futuro.

Marilda Corrêa
Enviado por Marilda Corrêa em 26/08/2010
Reeditado em 26/08/2010
Código do texto: T2461116
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