As Guerras Antoninas Luz & Tanas!...


Extraído do meu Blog "os gambuzinos" deixo-vos aqui um texto da minha Autoria relacionado com a História, a Literatura e a Emigração Lusitana dos últimos anos do Século XX, sobretudo com o tema da Descolonização Vergonhosa levada a efeito pelos "Abutres" políticos que se abateram sobre o Patrimônio Pàtrio angariado em mais de 900 anos de história desde o Condado Portucalense!


<"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam por ela.">( Arnold Toynbee)

De: Silvino Potêncio,... ® Os Gambuzinos (278)

>> As Guerras “Antoninas Luz & Tanas”

“...Nos tempos das fidalguias,
Das nossas Forças Armadas,
Em muito quartel existia,
Dois de Paus... e Reis de Espadas!...”

Talvez por condão ou mera coincidência, a especialidade que nos foi atribuída, ao terminarmos o nosso tempo de “recrutamento e treino” na Escola de Aplicação Militar de Angola, foi a de “escriba amanuense” cujo símbolo é uma “Pena e uma Espada”.
Passaram-se os tempos, mudaram-se as vontades, perdeu-se o viço, gastou-se a pujança... mas ficou-nos o arquivo da massa cinzenta onde, pelo próprio nome, alegóricamente, tudo acaba em cinzas. - Tudo não passa de quimeras soltas ao vento da liberdade, que cada um conquista ao longo dos anos... A escrita, seja qual for o estilo adoptado, tem mil uma nuances de fantasia, de imaginativas situações que são expressas, mostradas ao público, de acordo com o divagar (uns vão di vagar outros vão mais di pressa!!!)... dos pensamentos do seu criador. Daquele que lhes dá vida e acende o interruptor para dar à luz mais um rebento, que... a bom pensar tanto pode ser um aborto da natureza como pode ser uma “Best seller” e por falar em “bestas”, queremos deixar aqui este nosso registro sobre dois nomes tipicamente Luz & Tanos, ou sejam; aqueles nomes que dão luz!
Nomes que quando dão à luz, na verdade iluminam a quem os cerca porém... entre eles há os que ao darem à luz, provocam uma grande escuridão! É um apagão tão grande que às vezes leva anos... muitos anos, para se fazer luz de novo!...

- Olha... Fernandinho, já estás na idade de ir p’ró seminário!...
Aatão prepara-te lá, e arruma a trouxa... c’amanhã vais p’ra Cuimbra.
- Não mãe, eu não quero ir!!!... (respondia-lhe o “puto”).
Lá em Cuimbra só tem “doutores” e eu não gosto daquilo.
Não adianta reclamares... já está decidido!... tens que ter um canudo, e se não podemos pagar o colégio, então aceitamos uma ajuda do Sá Cristão, que é Amigo do Padre da Igreja da Graça e prontos... tens que ir!... está dito!
E assim o Fernando que também era Bulhões... foi para “Cuimbra” e lá se formou em Direito, duplamente qualificado. Dizemos duplamente porque ele estudava advocacia, a arte de bem mentir ao falar a verdade, e estudava tudo tão direito, que o Papa ao saber das habilidades do "ganapo", lá o mandou emigrar para Itália, onde se hospedou eternamente na cidade de Pádua.
Este emigrante Português de nascimento, ao aceitar o convite do Santo Papa exigiu e ganhou a primeira guerra dele... só vou emigrar, se me mudar de nome!... dizia ele na bula que mandou ao Vá ticano.
- E este lhe atribuiu-lhe logo não só o nome, como até lhe deu uma Comenda, a de Santo António!!!... e como ele morava em Pádua, ficou a guerra que dura até hoje...: quando estamos em Itália, rezamos ao Santo António dos Italianos, e quando visitamos Portugal, rezamos ao Santo António de Lisboa. – Só para lembrar aos leitores, esta guerra começou em 1.195, portanto Portugal ainda tinha Rei de Espadas, o Ti Dom Afonso Henriques, que também gostava muito de viajar e migrar para a terra das Uvas Mouriscas.

Anos mais tarde, ali pelas bandas de Santa Comba Dão... (tudo de Graça) o rapazote, terminou a instrução primária, que era de primeira mas só acabava na quarta classe!... A Mãe do dito cujo, foi à horta e chamou o rebento com bons modos como toda a Mãe sabe fazer;
- Olha... Toninho!... vem cá!
- Meu filho... limpa as “botas” – ele andava sempre de botas para ir buscar os tomates, e outras hortaliças porque naquele tempo ele acreditava que a alimentação orgânica era a melhor! - Tanto é que, anos mais tarde ele implantou no Estado Novo a tal República Orgânica (de organizada) e Política da Ná São...mas voltemos ao início do começo desta guerra orgânica.
Oh Mãe vou limpar as botas p’ra quê?!... daqui a pouco tenho que lá voltar à terra p’ra regar os grabanços... aatão depois tenho que as limpar de nobo!?...
- voismecê não sabe economizar, Mãe... temos que poupar água!...
- Olhe que no futuro, ela ainda vai faltar... bai a ber!!!
Não é nada disso “botas” ... quero dizer, meu Filho Toninho!!!...
Eu quero que tu vás p’ra Cuimbra... p’ro Seminário... está bem?
- Não Xeñora... não quero ir a estudar p’ra Padre... eu quero é plantar tumátes!
Um dia havemos de ser os maiores produtores de tomates do mundo Luz & Tano (*) e se eu for p’ro seminário lá não tem tomates... além disso andam todos de sandálias, e eu quero andar de “botas”...
Não Senhor!!!... tens que ir p’ra Cuimbra e se não quiseres estudar Direito, então escolhe outro curso... nem que seja torto, mas tens que estudar... já te disse, e prontos!
- Mas... oh Mãéééeee... veja bem; é que lá em Cuimbra só tem “doutores” e eu não gosto de ensinar a quem sabe mais do que eu!... Eu quero é aprender a arte de falar bem aquilo que os outros falam mal de mim, carago!
Não adianta reclamares!... sabemos que aqui na terra não se passa da cepa torta... e tu tens tudo para a endireitar!
Vai lá... vai lá, limpa as “botas” e arruma aquela ardósia nova que te comprei em Vá Longo... leva também aquele lápis de pedra preta... melhor... leva dois ou três lápis de pedras coloridas que se acham no fundo do ribeiro. São prácticos e são baratos!
Ah ... bem!... se é p’ra estudar Economia em vez de “Padraria” (era a arte de estudar p’ra padre) então eu vou!
E assim o Ti António De Oliveira Salazar, um bom Santo Homem para todos os Portugueses – foi até Professor, Doutor, Presidente do Conselho e de todos os Concelhos, de todos os Ministros... todos!... ele foi o mais “MAIOR” guerreiro que já se teve noticia! – Dizem até que ele anda agora a meter uma Cunha lá em cima, no Vá Ticano que é p’ra ser Cano Nizado, ou seja um Santo Antonio de Santa Comba Dão... tudo de graça. (sim porque meter a Cunha lá em baixo no fundo do Inferno já está LÁ o Cunhal...)
Esta guerra ainda não acabou! – Por isso vos contaremos o resto depois dela acabar...

Em Abril de 1910 lá pelas berças de Estremoz, já quase na Raia de España, nascia um rebento que, pelo seu nome de António, e também pela sua índole, viria, anos mais tarde, a rebentar com a República.
Aos quatro anos de idade já brincava de “soldadinhos de chumbo” e por ideologia, enquanto comia umas alcagoitas torradas no calor do Além Tejo, ele copiava dos “canhões” Alemães que assoberbavam o mundo Europeu a ponto de deflagrar a Primeira Guerra Mundial onde, como todos sabem o maior Guerreiro foi o nosso conterrâneo Ti Milhões, de quem já vos falei aqui algumas vezes, e assim o Toninho, Alentejano de Estremoz, ele se tornou um Germanófilo ferrenho (é aquele soldado feito a ferro e fogo, mesmo sendo apenas de chumbo).
Foi mandado p’ra Lisboa para estudar no colégio dos Meninos da Luz e por isso cremos que ele poderia vir a ser mais um António Guerreiro Luz & Tano... e foi!
- Quando atingiu a graduação de General, foi mandado em missão ao Ultramar, aonde ele começou a escrever um Livro cujo lançamento ainda está em formação!... Portugal que Futuro??? – nós diríamos ... só Deus sabe!!!
- E então eis-nos chegados ao quartel do CABEÇO DE BOLA ...
... voismecê Xô General me desculpe mas não concordo que esta guerra se ganhe na Política. – dizia o home do poleiro...
A guerra tem que se ganhar no campo de batalha... como o fizeram sempre os nossos guerrilheiros home de Deus! – respondia-lhe o ajudante de Campo!
- Ná senhôri... cumpádi...
- ê cá na concordo!... nim cum voismecê!...NIM C’UELE... até purquê ê inté já estive lá a comandar a tropa... ê cá sei muito bem c’a guerra é daqui do Gabinete, carago!
Olhe!... vá lá em Sã Bento e digue-lhe ó home das “botas”, que nós na cremos mais nessa conversa de ir p’ra Angola em Força, home!...
Os anos foram se passando e esta guerra continuou; de um lado o Alentejano António dizia que a guerra era em Lisboa... e o Ti António de Santa Comba Dão, insistia que a guerra era no Ultramar.
Guerra vai,... guerra vem!!!... e eis que, chega agora um outro “António” que, ao vestir a pele de LOBO,... ele que, sendo Médico Psiquiatra (entenda-se: é aquele médico que tem por especialidade a ciência da maluquice) como não tinha mais nada para escrever a favor da guerra dos outros “Antónios” ele, acabou de publicar um novo livro ao qual não deu o nome porque se trata de um “LIVRO DE FIQUE SÃO”!!!...
Oh Ti Antunes!... essa não lembraria nem ao Diabo que o carregue lá p’ro quinto dos infernos!... dizer que matou a soldo da sua vontade de ir passear na Ponta da Ilha ou passar um fim de semana na Ilha do Mussulo?!
Coitados dos vindouros quando lerem todas essas barbaridades a seu respeito, home de Deus!!!...
Olhe... aceite o nosso conselho.
Faça auto-hemoterapia, faça auto-análise, faça-nos a todos EX COMBATENTES... um grande favor!
Recolha-se aos seus aposentos no “Júlio de Matos”... e só saia de lá quando os burros perderem as penas! De preferência no dia de São Nunca...à tarde, pela hora das Ave-Marias. – Talvez nessa hora alguém declare que a guerra acabou!
(*) Portugal é atualmente o 5° maior produtor de Tomates com 3% da produção mundial de tomates e derivados. (à data da primeira divulgação desta crônica) 
- Silvino Potencio - Emigrante Transmontano.
- O Home de Caravelas - Mirandela – Ex Combatente – Ex Retornado – Ex Patriado do Principado da Pontinha – Ex Pulso do IARN Algarvio.
original publicado em http://www
.joaquimevonio.com/espaco/silvino_potencio/silvino.htm

Nota de Rodapé: Esta minha Crônica me foi sugerida aqui a partilha com os Leitores da Página do RL e também no meu FB,  pelo comentário recebido hoje do Excelso Amigo, Historiador Militar Coronel Manuel Bernardo, a quem muito admiro não só pela sua Excelente Obra Literária, mas sobretudo pela forma correcta com que relata aos Portugueses, o que realmente foi a "Guerra do Ultramar" que os Politicos insistem em chamar de "Guerra Colonial" e se esquecem dos milhares de Civis mortos pelo Terrorismo e sobretudo o DESRESPEITO POR TODOS AQUELES QUE VESTIRAM A FARDA AO SERVIÇO DA PÁTRIA. 
(Início de Citação):

 Na minha opinião as mentiras foram implementadas logo no 26 de Abril, já com o PC na jogada, por ser então o partido da oposição mais bem montado em Portugal. Até ao 25 ABR eles andavam a "cheirar" mas não estavam na jogada. Para mim a ruptura com o regime foi provocada pela teimosia e inabilidade de Marcello Caetano, ao querer manter a guerra do Ultramar, como até aí, e com a extensão "Do Minho a Timor" e sabendo-se que aqueles tipos de guerra apenas acabam com negociações entre os adversários, como foi o caso da Argélia e do Vietnan.
O Porfessor Marcelo Em 1972 perdeu a oportunidade de o fazer, por não ter aceite o então General António de Spínola para a Presidência da República e não avançar, nesse ano, com o início das negociações através do Presidente Leopold Senghor do Senegal e da OUA, que lhe foram propostas.
(Fim de citação) 

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 29/08/2010
Reeditado em 27/05/2020
Código do texto: T2466306
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.